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quarta-feira, 30 de março de 2011

If I could / Se eu pudesse

 If I could...
I'd call the incautious laws legislators
I'd extract from their fingers the false rings
I'd blow into their ears an old still valid rule
Those who betrayed love would be banned soon.

If I could...
I'd erase from human speech the word bank
I'd store all the money from the world at a corner
I'd set fire to it and keep the poor warm
With the ashes I'd paint in black mourning the copper
From the capital and the profit nothing would be left
And Man the white collar would undress.

If I could...
I'd eliminate the weapons from the face of the Earth
The white, the black, the illnesses, the prattle
I'd seduce home the soldiers from war
Smoke curtains I'd launch for the effect
Affection, tenderness and sumo art would be shared.

If I could...
I'd gather priests, masters, spiritual leaders and shepherds
I'd make them uninterested human heart drivers
I'd distil into the caves the inopportune interest
I'd kill in a glance the hypocrite issues
I'd root the true meaning of union
I'd completely change the soul of religions.

If I could...
I'd confess mine and the others' pains
I'd cover the planet with bread and pure water
I'd dethrone pollution and all excess
I'd feed humans with faith bit by bit
I'd free from yoke the tame conscience
I'd bury all and every kind of conceit.

If I could...
I'd unmask the social hypocrisy
I'd ban from touch the superficial mind
I'd lead to the volcanic hot springs
People and creatures of all kinds
Only those who got mature would leave the place.

If I could...
I'd demand time to stop for a second
I'd silence the populations from the world
I'd show the real value of the moment
I'd nibble one by one even the dummy
I'd make them retain these simple ideas
Past and Future aren't here in the NOW
And the Present share it( while you can) around.

By Conceição Sousa

 Se eu pudesse…
Chamaria a mim os incautos das leis
Arrancaria dos dedos os falsos anéis
Sopraria ao ouvido velha regra em vigor
Seria banido quem traísse o Amor…

Se eu pudesse…
Apagaria do discurso a palavra banco
Arrumaria o dinheiro todo  a um canto
Atear-lhe-ia lume e aqueceria o pobre
Com as cinzas pintaria de negro luto o cobre
Do capital e do lucro nada restaria
E o homem o colarinho branco despiria…

Se eu pudesse…
Eliminaria as armas da face da Terra
As brancas, as pretas, as doenças, as tretas
Seduziria até casa os soldados da guerra
Cortinas de fumo lançaria para o efeito
Afecto, afago  e arte de sumo  em proveito…


Se eu pudesse…
Reuniria padres, mestres, espíritas e pastores
Tornaria  desprendidos humanos condutores
Destilaria nas cavernas o interesse inoportuno
Mataria com o olhar as hipócritas questões
Enraizaria o verdadeiro sentido do Uno
Alteraria por completo a alma das religiões…

Se eu pudesse…
Confessaria as minhas mágoas e as dos outros
Cobriria o planeta de pão e água pura
Destronaria a poluição e toda a fartura
Alimentaria de fé os humanos aos poucos.
Libertaria do jugo a domesticada consciência
Enterraria toda e qualquer tipo de prepotência.

Se eu pudesse…
Desmascararia as hipocrisias sociais
Baniria do toque as mentes superficiais
Encaminharia para as vulcânicas termas
Gentes e criaturas de toda a espécie
Sairiam de lá apenas as que amadurecessem.


Se eu pudesse…
Exigiria ao tempo que parasse um segundo
Silenciaria as populações de todo o mundo
Mostraria o real valor do momento
Mordiscaria um a um até o jumento
Faria com que retivessem estas simples ideias
Passado e futuro não existem no Agora
E o Presente partilhem a meias…


 (de Conceição Sousa )

saudade / missing and longing

Quando a saudade aperta...
há um misto de dor
e de contentamento...
e aquela possante imagem
 que nos desconcerta...
na voz da esperança
renova-se ausente...
aguardando a chegada do (e)terno vento,
que , de passagem,
 nos acarinha em afagos de alento...
cercas-me,
 em aconchego permanente,
 no coração,
 confortada pelo abraço do tempo.

 (Conceição Sousa)

When the "missing" and the "longing" urge together...
There is a mixture of pain and joy...
And that vigorous image
which perplexes us
in the voice of hope
absent renews itself...
waiting for the arrival of the eternal and caring wind
which, on its brief way, cheers us up
with touches of enthusiasm...
you surround me
permanently warm in the heart
comforted by the embrace of time.

(by Conceição Sousa)

quarta-feira, 23 de março de 2011

Quase Amor.../ Almost Love...

Creio-me, infinitamente, imortal...
 donde venho e para onde vou...
 carrego,
 momentaneamente,
 estas vestes de carne e sangue...
e aos poucos,
vou recordando minha essência...
 quando uma lágrima queima meu rosto,
 quando uma dor perfura meu peito,
 quando um nó me prende na garganta,
 quando o maxilar dói de tanto rir,
 quando inspiro paz no combater louco,
 quando fecho os olhos e digo
 "consegui"...
quando sereno no adormecer do sofrimento...
aos poucos,
 vou recordando minha essência...
donde venho e para onde vou...
creio-me parte de algo grandioso difícil de definir...
creio-me dádiva jorrando no universo....
dá vida..
creio-me quase Amor...
falta pouco...

(Conceição Sousa)

I believe in myself as endlessly immortal...
Where I come from and where I go to...
I wear,
momentaneously,
these clothes of flesh and blood...
and bit by bit,
I acknowledge my essence...
When a tear drop burns my face
When a pain stabs my breast
When a knot squeezes my throat
When the jaw hurts of so much laughter
When I breathe peace in the insane fight
When I close my eyes and say
"I've done it !"
When I calm down in the sleep of suffering
bit by bit,
I acknowledge my essence
Where I come from and where I go to...
I believe that I'm part of something great, hard to define...
I believe in myself as a gift bursting from the universe
A gift that gives life
I believe in myself as being almost love
And I'm almost there...

(by Conceição Sousa )

quinta-feira, 17 de março de 2011

Sei-me capaz de amar.../ I know me... as being able to love...

Sou um espírito de bem,
fabricado ou nascido assim,
não sei...
sinto, cá dentro, bem fundo,
que sou um espírito de dádiva...
sorrio
porque sei-me capaz de amar...
os amores aceites
e os amores que não são aceites...
morte será o dia
em que o meu coração parar.
Aceito-me um espírito singular.

(Conceição Sousa)

I am a spirit of goodness
produced or born this way
I don't know...
I feel inside, deep inside
that I'm a sharing spirit...
I smile
because I know me...
as being able to love...
the accepted and the non-accepted loves...
death will be the day
when my heart stops.
I accept myself . A singular  spirit.

(by Conceição Sousa)

quinta-feira, 10 de março de 2011

7 * E se eu não quiser mais frequentar esses espaços?

É certo que o que sinto, penso e sou me foi servido, em amplas doses, nos tascos e restaurantes mais variados.

É certo que não me lembro de ter escolhido, alguma vez, a ementa, nem sequer recordo se tive direito a entrada, sopa, prato principal, sobremesa ou aperitivos.

É certo que, ao ser servida, algures na memória, retenho fragmentos de ter preferido peixe a carne, ou carne a peixe, rejeitar o pudim e, com olhar de gula, consumir o bolo de bolacha.

É certo que, no dia em que quis fazer uma refeição ao ar livre, me foi pura e simplesmente negado tal pedido.

É certo que não consigo pensar em alternativas que não conheço. Ou porque, deliberadamente, não me foram ensinadas ou porque as desconheço de facto…

É certo que também me ensinaram a passar fome, pois se não há trabalho, não há dinheiro, e se não há dinheiro não há comida. Mais grave do que isso é… haver trabalho e muito, mas passar fome na mesma, por demorar a remuneração, ou, no final, nem sequer existir.

E pergunto-me: "Mas por que raio é que tenho de passar fome se não tenho trabalho, ou se tenho trabalho, mas não mo pagam? Não sou um ser humano, um ser vivo como os outros? Se tenho fome deveria poder comer como os outros que têm fome, e trabalho não remunerado, e trabalho remunerado, e dinheiro sem trabalho?"

É certo que até pode haver trabalho, mas nos restaurantes de luxo e tascos que frequento, dizem-me que aquele trabalho tem de ser pago de três formas: à experiência ou estagiário, sem compensação financeira; em início de carreira (mesmo que o início dure há 20 anos) com remuneração de principiante (salário mínimo ou menos); à pastilha elástica, o financiamento estica ou encolhe conforme o menu pré-confeccionado. E não importa se ajudaste a comprar os ingredientes ou a confeccionar, se aprendeste direitinho a lição, se seguiste as instruções à risca, se deixaste a cozinha a brilhar, não importa o que quer que te tenham dito sobre a possível promoção no caso de teres contribuído para a invenção de um excelente prato. No final, dizem-te que apesar de ter agradado muito aos clientes , e apesar de tu veres a sala repleta, apesar das evidências, para além de não te darem a promoção, cortam-te na remuneração que não auferes, dizem-te que é necessário continuares a contribuir com a tua fome para pagar aos credores dos tascos e restaurantes, e mais: sabem que é a fome dos teus filhos e o trabalho não remunerado dos teus filhos a contribuir também. Já para não falar das outras formas servidas na ementa, que, por vezes, nos são impostas e é de todo impossível recusar. Escravatura moderna.

É certo que quem me serve (e a quem eu sirvo) são outros clientes que, como eu, sentem, pensam e são o que lhes tem sido servido em amplas doses nos tascos e restaurantes mais variados.

É certa a continuidade na romaria de entrada nesses locais, onde ultimamente já nem comemos ou bebemos, ou nos divertimos sequer, apenas lavamos a loiça, esfregamos o chão e limpamos as casas de banho, sempre com muita fome, e apenas porque nos mandam limpar e porque os outros que têm fome também limpam, e porque virtualmente temos um emprego remunerado, e virtualmente podemos alimentar os nossos filhos num futuro próximo que nunca mais chega…

E se eu não quiser mais ser servida ou servir na base do que outros decidiram escrever como ementa?

E se eu não quiser mais frequentar esses espaços de reprodução do interesse alheio?

E se eu não quiser mais optar por estas falsas opções?

E se eu quiser sentir, pensar e ser sem ementas, nem restaurantes, nem tascos?

Lá terei de ser criada ou criar-me de novo algures num espaço inexistente, num tempo intemporal num hiato dimensional.

A questão é...como acontece a criação?