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terça-feira, 31 de dezembro de 2013

25* Jesus

 
Dá para compreender, agora mais do que nunca, porque Jesus Cristo é um homem especial.
Numa época em que tantos, tantos mesmo, viviam oprimidos e escravizados por um regime ditatorial, surgir alguém, haver alguém que erga a voz e diga:
" Não, todos somos humanos, todos somos filhos do mesmo Deus, todos merecemos igual tratamento, todos devemos tratar o próximo como a nós mesmos. Se vires alguém doente, ampara como se tu fosses o doente; se vires alguém com fome, partilha a tua refeição como se fosses tu quem estivesse com fome; se vires alguém com sede, partilha da tua água como se a sede fosse a tua; se vires alguém só e triste, faz-lhe companhia e alegra-o como se fosses o próprio, o solitário e o deprimido; se vires alguém carente de afecto, afaga, abraça, beija e ama como se a carência fosse a tua. E faz da tua vida uma partilha, faz da tua vida uma completa e inabalável entrega ao teu irmão. Vive a tua vida no seio do Amor."
Alguém erguer a voz, alguém aceitar lutar, ser torturado, e dar a vida, por este valor maior que é a entrega ao próximo, e que resulta no bem e na saúde de uma comunidade, da humanidade, só pode ser mesmo o filho de Deus, o filho do Amor - porque Jesus sabia, Jesus sempre soube, Jesus era mesmo iluminado: Deus é Amor porque só no Amor ao próximo como a si mesmo consegue a humanidade ser feliz.
Haverá, de certeza, muitos outros seres especiais como Jesus, que nunca ficaram para a história, mas que no seu anonimato e seguindo estes valores, ou semelhantes, conseguiram manter coesas e felizes as suas comunidades. Precisamos urgentemente de políticos que se entreguem a este espírito, ao de Jesus.

(Conceição Sousa)

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013


 

Tapas-me os olhos,
coloco as minhas mãos por sobre as tuas mãos,
tacteio-te, sorrindo,
só para que se estenda mais um pouco o momento –
o nosso momento.
O cheiro da tua pele conta-me,
naquela fracção de segundo,
no começo do toque,
quem tu és –
não guarda segredo,
sussurra-me o teu nome.
Encontras-me sempre,
e nem te digo onde…


(F)


(Conceição Sousa)


18* carta

Meu amor,

já são tantas as horas, os dias, os meses, os anos, que nos não vemos.

Recordo, com aquele carinho de quem sorri a vida,

todos os instantes de loucura, todas as travessuras equilibristas, todos os ímpetos do coração.

Sei que me escutas, sei onde estás, sei quem te guarda e balança.

As nossas vidas seguiram pelos caminhos que as escolheram.

Estamos bem - sei que sim.

Os nossos amores multiplicaram-se,

mas quero que saibas ( e sei que o sabes) que nos trago aqui:

naquele momento em que algo de especial acontece,

no acontecer da lágrima feliz, no esboçar do sorriso triste.
Meu amor, continuo a escrever-te estas cartas

porque gosto de fotografar os pequenos instantes em que conversamos,

gosto de chorar no teu ombro, de sorrir no teu abraço, de morder o teu lábio -

e ninguém tem de decidir terminar uma história.
Meu amor, mais uma vez, e com as saudades de quem sabe

que nunca mais estará na presença de quem ama, deixo-te aqui todo o meu sentir,

num laço que me segura à vida e me faz nela o deleite de existir.

Mais uma vez um ano termina e um outro me acena,

contigo bem perto, nessa distância plena de mim.
Mais uma vez, não é o fim.


Desta que em ti mora
Melancolia.

Conceição Sousa

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

necessidade

Sempre desencadeei desafios por necessidade ( extrema necessidade) e nunca por competição;
Sempre dei o melhor de mim em tudo na vida, mesmo na tarefa mais simples, por curiosidade, mera curiosidade de saber até onde me levaria este eu no seu melhor.
E por fragilidade, por ter consciência de que acabo.
E por ignorância, por desconhecer a data do meu fim "Pode ser já daqui a segundos, por isso é melhor que dê o meu tudo!"
E por amor " É melhor que dê o meu tudo e já, pois quem eu amo e fica vai ficar mais protegido, vai ver que dei sempre o meu tudo e, por amor a mim, vai dar o seu tudo a si também."
Onde é que entra a inveja nisto? Não entra. Aprende, se quiser, a esvaziar-se e a deixar espaço para o amor.

Conceição Sousa

Impura

Ânsias de almas puras
confessam-me o solto lacrimejar de um ente
que se quer do bem.
Sabes que sou impura,
sabes que me prendem as urtigas
de caminhos tortuosos,
sabes que sou humana,
assim como me criaste,
mas esforço-me,
todos os dias que me concedes,
por ser como tu,
assim de doar,
assim de atentar,
assim de divina.
Podia ser melhor, sim;
perdoa-me o não te reparar;
perdoa-me o não te abrir os braços
quando mais precisas;
perdoa-me o não me lembrar do sítio onde te encontro;
perdoa-me o nem para mim saber ser boa;
sei exactamente o que é ser feliz:
basta estar aqui para ti.
(F)

 Conceição Sousa

Alumiar candeeiros

O que mais gosto de fazer na vida?
Alumiar candeeiros.
Reacender a vida nos olhos das pessoas.
É esse servir que me chama e aquece o coração.
Mas até uma faúlha precisa de ignição.
 

(F)
  Conceição Sousa

17*Sou insegura, sim.


17*

Quando me dizem " Falamos muito em ti lá em casa, Conceição.", sinto um misto de susto e de felicidade. Normalmente, o susto ocupa um espaço maior dentro de mim - " é tanta a responsabilidade", penso -, e tenho tendência para me esconder, para não mostrar mais, dado que assim deixo de invadir lares. Não vou ser falsa modesta, é lógico que tenho noção do impacto, apenas se não mo relembrarem, esqueço. Escrevo porque é o meu dia-a-dia, escrever ( sempre foi) - só que agora há o facebook e a tecla do publicar- e continua a ser o meu dia-a-dia, e passou a ser o vosso também, o nosso. Ainda me assusto quando percebo que é mais nosso do que meu, ainda fujo, ainda me escondo... Dizem-me " Fico uns minutos a pensar. Abres, ali, umas perspectivas diferentes. Sinto-me mais aliviada, mais feliz", e eu volto, venço o medo, venço a reserva, e volto sempre. Não prometo que continue a voltar sempre. Há quatro anos que não o prometo, mas vou ficando e vou voltando e vou gostando. Não me digam que as pessoas inseguras não são fortes. Não me digam que as pessoas inseguras não são de confiança. As pessoas inseguras são as mais fortes, as mais confiáveis, as mais vencedoras de medos, porque vão e vêm, vêm e vão, lutam e tentam. As outras, as que se arrogam de certezas, nunca foram nem nunca voltaram, nunca venceram medos, nunca sairam do lugar: não sabem o que são dificuldades, o que é temer por si e pelo outro, o que é o respeito e a coragem. Só conhecem o lugar seguro e confiável da ignorância, do egocentrismo e da falência da auto-sabedoria. Não buscam o outro, no outro, em si - nem querem buscar. Aguardam toda a vida, no mesmo lugar, que tudo venha ao seu centro: melhor, com certeza - pensam eles -, do que todos os ignorados centros dos outros.
Sou insegura, sim; sou temerária, sim; sou complicada, sim; sou profunda, sim; invado lares, sim; faço muita gente feliz, sim; fazem-me muito feliz, sim; sou confiável e bondosa, sim; e tenho a mania de etiquetar com prioridades várias todos os amores à minha volta; e tenho a mania de pensar que tenho todo o tempo do mundo e " se hoje não estou p'ra ti, estarei amanhã, já te tenho colado na porta do meu frigorífico". E não tenho culpa de só me sentir bem a amar os outros: é assim que me amo a mim.

Conceição Sousa

A minha casa



Em ti encontrei o p'ra sempre perdido,
uma outrora descrente aurora,
a que retorno dos meus invernos,
e onde deito a cabeça em queda
e deixo, inerme,
que o afago da tua mão descanse
no estio do meu rosto.
És a minha casa.
A minha casa.
A minha impossível casa.
E eu fico na única casa que sei que me guarda.
A que me fechou a porta
e impediu de entrar
quando eu já estava dentro.
E quem ficou lá fora foste tu.
(F)
Conceição Sousa

As sombras

Hoje, olhaste-me com mais cuidado.
Senti-te precisado.
Senti-te desamparado e precisado do meu abraço.
E eu quis olhar-te com mais cuidado.
Ai!, como quis olhar-te com mais cuidado.
Tu sabes que, mesmo não me demorando naquele olhar,
mesmo de cabeça baixa e pálpebras cerradas,
te apertei nos meus braços.
Tu deste-me o teu peito naquele olhar
e eu beijei-te o rosto todo.
Beijei-te o rosto todo no nosso inquebrável silêncio.
Sempre que nos fechamos as pálpebras ao de leve,
o ombro sobe;
são braços em que nos abrigamos do frio,
são beijos que restolhamos nas dores que não merecemos.
Contamos um ao outro a vida, as alegrias também.
Contamos um com o outro.
Abdicamos dos corpos.
Sabemos que a felicidade existe:
é quando silenciamos a carne,
é quando cerramos as pálpebras,
a luz entra e o corpo aquece.
E tu sorriste, cabeça baixa.

E eu desembrulhei-te.
E deixei-te ir: o meu presente.
Sempre mais forte do que quando chegas.
As sombras vivem-se, amam-se, e são felizes.

Se não, pensa:
por que razão existem as sombras?
(F)

Conceição Sousa


segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

15* A felicidade

15*
A felicidade nunca chega a tempo e, quando está, nunca ninguém dá por ela “in loco” e “on time” que está. A felicidade quando chega já passou. A felicidade quando se mostra já aconteceu. A felicidade é a mais dissimulada das dissimuladas. Não. A felicidade é tão de incondicional que quando acontece não avisa que acontece. Acontece e pronto – mas não se dá a conhecer na hora, só quando a hora já passou da hora. É vaidosa e exige galardões, só que mais tarde. Esfrega bem na tua cara “ Olha, foste muito feliz em tal época e em tal lugar com tais pessoas – e nem soubeste aproveitar. Aproveitaste, mas não tiveste essa consciência de me saborear em pleno. Bem feita! Agora, se quiseres, volta lá atrás, volta lá, àquele lugar com aquelas pessoas.”
A felicidade leva tempo a maturar e, quando, finalmente, está pronta para ser recebida já o tempo em que aconteceu passou. Oh… A felicidade é daquelas coisas que nunca entra em sintonia com as coisas. Tem ali um problemazito de deslocamento mental, um retardamento, algo incurável. É deliciosa e iluminada, mas amnésica na hora e no local em que o está a ser. Só mais tarde retorna a si mesma, e lembra-se de tudo, tudinho, ao pormenor, e sorri aquela saudade e nostalgia do que não foi plenamente abraçado. Tem um problema sério de maturidade. E quando a maturidade acontece, já a hora da felicidade fugiu.
E nós sentimos que ela esteve sempre connosco naquele tempo, naquele lugar, com aquelas pessoas; sentou-se à mesma mesa, embora esparrinhasse a toda a volta a sopa que a colher torta insistia que engolisse; dormiu na mesma cama, com as mãozinhas a amaciar rostos e orelhas; solucionou os mesmos puzzles e ergueu as mesmas construções de legos; surrou a cara de chocolate enquanto cantava as receitas de culinária da avó; contou e recontou histórias só de olhar para as imagens dos contos – ainda nem sabia ler; deixou que lhe mudassem a fralda e lhe dessem o leite no biberão; aprendeu a soletrar as primeiras palavras e as primeiras palavras foram “mãe”, “pai”; trincou a madeira do berço em redor, já rompiam os dentes e a baba lambia a vida; balbuciou os sons indecifráveis mais belos do firmamento; correu tresloucada e bamboleante para os nossos braços ajoelhados e caiu, vezes sem conta, enquanto se segurava às paredes – até que, por fim, ergueu-se, imponente, e andou com a firmeza que só a felicidade conhece; arregalou-nos aqueles olhos que nos diziam os seus heróis e heroínas em todo o universo - e só pedia para passar todo o tempo do mundo nos nossos braços e amava-nos todo o tempo das constelações.
Quero lá voltar.
Sei que lá estou. Vai demorar a chegar. Desgraçada, não se faz...

Conceição Sousa

11* Diz-lhes

11* Diz-lhes



Diz-lhes que deviam ler ou reler mais livros para crianças. Diz-lhes que não é fácil escrever para crianças. Diz-lhes que não é fácil reabrir todas as portas e janelas e voltar lá, à simplicidade da infância. Diz-lhes que há todo um imaginário que resiste à volta da chave. Diz-lhes que leva muito tempo a relembrar como era. Diz-lhes que a criança continua lá, adormecida, nos confins da arca do tempo, a aguardar o tilintar da fechadura, o brinde do sol. Diz-lhes que é frio só porque querem que continue a ser frio, porque se esqueceram de brincar diariamente com as crianças adormecidas dentro de si. Diz-lhes, aos adultos, que deviam ler ou reler mais livros para crianças para que se lembrem da inocência dos dias e das horas; da alegria que se tem na partilha das quedas, no surrar dos rostos e dos pés, no ver um animal lamber uma ferida. Diz-lhes, aos amnésicos crescidos, que deviam ler e reler mais livros para crianças para que retornem à essência de um toque; à gargalhada de uma viagem de carrocel; ao lacrimejar colectivo da tristeza de um que se torna viral no coração de todos - e cada um chora mais alto do que o outro no seio de uma corrente de abraços. Diz-lhes, aos cerimoniosos grandes, que deviam ler e reler mais livros para crianças e remarcar nas suas agendas como prioritário o retorno à sua infância; cumprir com toda a sua vida tudo o que cresceram a ouvir, mas apagaram-se.

Conceição Sousa

domingo, 15 de dezembro de 2013

13 * Estás aí?


Demasiadas vezes sinto que estou prestes a desistir -

e demasiadas vezes regresso, no dia seguinte, mais forte

do que alguma vez imaginei.

Sempre convencida de que não há lugar

mais impossivelmente só e apagado
 
do que o meu coração,

sempre desgastado p'ra lá da borracha,

sempre condenado àquele sorriso ébrio,

àquele baixar de pálpebras esquivo,

àquele som do vento nas palavras que é a tua respiração

na palma do que é a minha:

como pode um vazio saber que é visto?

É vital para um vazio saber que existe, não?

Pode um vazio ser inspirado?

Demasiadas vezes sinto que estou prestes a desistir-

e demasiadas vezes a luz do amanhecer apaga a dureza da noite,

essa que a carrega ao colo no caminho da folha amarrotada

e desbotada, mas que sussurra ao meu ouvido:

nunca é a solo. E insiste, décadas: nunca é a solo.

E é essa ainda a esperança: nunca é a solo. Escuto-te.

E quando a folha não quiser ser preenchida?

Como se mede a inconsciência de um vazio?

Estás aí?

 Conceição Sousa


Eles Não Vão Vencer: Escrevam.

Eles Não Vão Vencer: Escrevam.

Amigos, as políticas dos nossos governantes cortam as pernas, os pés, os braços, o peito, o coração, a existência aos habitantes deste pedaço de território a que chamam de Portugal - pelo menos, aos habitantes sérios, aos que delineam um rumo de vida baseado na honestidade para consigo próprios e o seu semelhante, aos que sabem o que é uma rotina de trabalho, de empenho, de esforço, de suor, de dores de costas e de sangue até, aos que crêem num núcleo de laços familiares, de companheirismo e de amizade, na obtenção e prossecução de valores humanos e comunitários. É triste estar próxima de quatro décadas de trabalho intenso e perceber que não é permitido, pela legislação do meu país, sonhar, projectar esse sonho na realidade, a muito custo concretizá-lo e querer prossegui-lo, sem que o estado ( um de direito) exija couro e cabelo por esse sonho. Há injustiças atrozes, há impedimentos inacreditáveis e, digo-vos, qualquer cidadão empreendedor independente neste país encontra obstáculos do "arco da velha". Enfim, é muito triste, apercebermo-nos de que há cidadãos que, com todo o esforço e mérito, conseguiram as competências para se tornarem empreendedores autónomos e independentes de sucesso e que não o conseguem porque o estado ( um de direito) lhes rouba tudo até ao tutano. Não sei com que sorriso alegre os nossos governantes estarão a apreciar as cessações de actividade independente. Clap!Clap!Clap! E viva o país dos defuntos!

Conceição Sousa in "Folhetim do Português Sem Sopa Mas Ainda Com Boca"

26*




Incomodam-me as pessoas feias: as que insistem em se manter ignorantes de sol, de lua, de chuva, de vento, de mar; as que sorriem vitoriosas perante uma maldade, um acto de incredulidade, mais uma morte da sua abençoada vida nisto que é vida (o ar, o céu, o rio, a floresta, a montanha); as que se enganam a si mesmas no faro do que não importa nada, mesmo nada, a ganância, a exuberância, os holofotes, a não modéstia; as que desprezam o olhar comiserado, a mão necessitada, o abraço carente, o beijo saudoso, a voz embargada, o sentimento a caminho da tranquilidade e da paz.
Incomodam-me as pessoas feias: as que não percebem que para além do florescer da Primavera e do sereno abandonar do Outono, também a ardência do Verão e a frigidez do Inverno assaltam a alma - e , nesses momentos, comuns a todo o humano, carecem da solidão a que desertaram todos os que não serviam; as que não sentem no ciclo das estações saudades do que virá e o comum de uma geada no peito de todos nós a cobrir-se do sorriso de um amanhecer soalheiro que nos relembra quem somos: apenas humanos.

Conceição Sousa


14 * O melhor, no mundo, são as pessoas.

O melhor, no mundo, são as pessoas. E não compreendo como há seres humanos que não vêem isso. O melhor, nesta breve passagem para algures, é o olhar das tuas crianças que te observam atentamente e sorriem de cada vez que lhes falas ao coração; o melhor, neste interlúdio de algo, é a palavra do amigo que te acolhe na sua vida e se mantém , ali, firme, sempre que a solidão te assalta, sempre que a alegria te faz questão de mostrar que mais nada te faz falta; o melhor, neste hiato de loucura, é o teu irmão, que te afaga a tez, ao deslizar, com a sua carinhosa mão, aquele pedaço de cabelo rebelde que insiste em te tapar a visão.
O melhor, neste mundo de agora e de todos os que me lêem ( reparem: posso até já nem estar...), escuta-me bem, são as pessoas e os laços em que se investem: o abraço que não negam, o beijo que não foge, a lágrima que não se esconde, o sorriso que não se segura, a mão que nunca desiste de se estender, seja um pedido ou doação de ti.
O melhor, no ar que se respira, são as pessoas: o amor a caminhar na direcção do outro, sem de si nunca se desgarrar.

(Conceição Sousa)

domingo, 1 de dezembro de 2013

Em Busca da Flor de Mil Cores 1 - Bugalhudo e Caracolitas no Bocejo do Vulcão


1º livro (de seis) da obra infanto-juvenil " Em Busca da Flor de Mil Cores" de Conceição Sousa. Ilustração : Daria Dzyuba

 Em cada um dos livros, Bugalhudo e Caracolitas, auxiliados pelo Mago Agosto e pela Mosca Verruga (Zzzzz!), embarcam numa aventura diferente no Reino de Encanta o Espanto ou Espanta o Encanto, dominado pelo astuto Príncipe Deslumbrate, que encontra como adversário o irmão, o Príncipe Atua - ambos apaixonados pela Pastora Serena. Bugalhudo e Caracolitas conhecem, nesse trajeto, paisagens fascinantes e assombrosas, e inacreditáveis criaturas do fantástico, ora adjuvantes ora oponentes. São geocachers e buscam, em cada livro, uma cache singular, que lhes permitirá no final da obra encontrar ( supõe-se...) a Flor de Mil Cores. É uma flor com poderes especiais que irá salvar a sua família de uma terrível tragédia. Embora se encaixe no encadeamento da totalidade da obra, cada volume é perfeitamente autónomo e independente dos restantes.
É uma obra que pretende ser interativa, dinâmica e conduzir à reflexão sobre questões importantes na infância e na adolescência. Há uma teia de desafios que coloca nas mãos dos leitores a responsabilidade da resolução dos problemas. Privilegia-se o caminho da descoberta, o conhecimento indutivo. Fomenta a pesquisa e o recurso às novas tecnologias.


Em Busca da Flor de Mil Cores 1- Bugalhudo e Caracolitas no Bocejo do Vulcão


- Os Leopardos do Alcatrão, Caracolitas! Navegam a toda a velocidade nesta direção. Cubram-se, cubram-se! Escondam-se! – insistiu o Mago.
- Uh! Onde? Onde? A rede! Cobre-me, André! – gritou a menina, esbaforida.
- Anda! Chega-te aqui, Ju.Depressa! – abraçou-a, bem apertadinha, debaixo da rede.
- Os Leopardos do Alcatrão são maléficos.- explicou-lhes o Mago.- Adoram engolir criaturas novas, inexperientes e afetuosas. Fortalecem, assim, os seus poderes e lubrificam a sua pele, a sua imagem, que se mantém intacta e inalterável face à temperatura quente da lava. Mergulham à vontade e confundem-se com o xisto quando descansam nas margens. Cuidado! O seu maior prazer é caçar criaturas indefesas, que andam à procura da felicidade, e que a oferecem a quem amam. Eles odeiam seres que se amam e que se dedicam aos outros. Eles odeiam essa palavra: amor. Existem para a destruir. Simultaneamente, invejam quem consegue amar e tentam, a todo o custo, engolir criaturas com essa capacidade especial de cuidar dos outros. Procuram, antes de as aniquilarem, sentir o mesmo. Como se fosse possível sentir o amor por interposta pessoa. Como se fosse possível sentir o amor com a intenção de o matar.

  1º livro ( de seis) do conto infanto-juvenil " Em Busca da Flor de Mil Cores" de Conceição Sousa:
Bugalhudo e Caracolitas no Bocejo do Vulcão.
 

Lançamento de "Em Busca da Flor de Mil Cores 1"


Ao longe, lá no alto, avistaram um vulcão muito zangado, fumegava chamas enormes, grunhia como os animais selvagens, ressonava como as avós, a quem os netos sofredores de insónia, às 4 da manhã, gravam os roncos no telemóvel para se divertirem ao raiar do dia com a restante família.

"Em Busca da Flor de Mil Cores 1 - Bugalhudo e Caracolitas no Bocejo do Vulcão.", livro infanto-juvenil de Conceição Sousa , ilustração de Dária Dzyuba.

Lançamento a 7 de Dezembro de 2013, pelas 16.30, na Biblioteca Municipal Raul Brandão, em Guimarães.