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quinta-feira, 17 de março de 2011

Sei-me capaz de amar.../ I know me... as being able to love...

Sou um espírito de bem,
fabricado ou nascido assim,
não sei...
sinto, cá dentro, bem fundo,
que sou um espírito de dádiva...
sorrio
porque sei-me capaz de amar...
os amores aceites
e os amores que não são aceites...
morte será o dia
em que o meu coração parar.
Aceito-me um espírito singular.

(Conceição Sousa)

I am a spirit of goodness
produced or born this way
I don't know...
I feel inside, deep inside
that I'm a sharing spirit...
I smile
because I know me...
as being able to love...
the accepted and the non-accepted loves...
death will be the day
when my heart stops.
I accept myself . A singular  spirit.

(by Conceição Sousa)

quinta-feira, 10 de março de 2011

7 * E se eu não quiser mais frequentar esses espaços?

É certo que o que sinto, penso e sou me foi servido, em amplas doses, nos tascos e restaurantes mais variados.

É certo que não me lembro de ter escolhido, alguma vez, a ementa, nem sequer recordo se tive direito a entrada, sopa, prato principal, sobremesa ou aperitivos.

É certo que, ao ser servida, algures na memória, retenho fragmentos de ter preferido peixe a carne, ou carne a peixe, rejeitar o pudim e, com olhar de gula, consumir o bolo de bolacha.

É certo que, no dia em que quis fazer uma refeição ao ar livre, me foi pura e simplesmente negado tal pedido.

É certo que não consigo pensar em alternativas que não conheço. Ou porque, deliberadamente, não me foram ensinadas ou porque as desconheço de facto…

É certo que também me ensinaram a passar fome, pois se não há trabalho, não há dinheiro, e se não há dinheiro não há comida. Mais grave do que isso é… haver trabalho e muito, mas passar fome na mesma, por demorar a remuneração, ou, no final, nem sequer existir.

E pergunto-me: "Mas por que raio é que tenho de passar fome se não tenho trabalho, ou se tenho trabalho, mas não mo pagam? Não sou um ser humano, um ser vivo como os outros? Se tenho fome deveria poder comer como os outros que têm fome, e trabalho não remunerado, e trabalho remunerado, e dinheiro sem trabalho?"

É certo que até pode haver trabalho, mas nos restaurantes de luxo e tascos que frequento, dizem-me que aquele trabalho tem de ser pago de três formas: à experiência ou estagiário, sem compensação financeira; em início de carreira (mesmo que o início dure há 20 anos) com remuneração de principiante (salário mínimo ou menos); à pastilha elástica, o financiamento estica ou encolhe conforme o menu pré-confeccionado. E não importa se ajudaste a comprar os ingredientes ou a confeccionar, se aprendeste direitinho a lição, se seguiste as instruções à risca, se deixaste a cozinha a brilhar, não importa o que quer que te tenham dito sobre a possível promoção no caso de teres contribuído para a invenção de um excelente prato. No final, dizem-te que apesar de ter agradado muito aos clientes , e apesar de tu veres a sala repleta, apesar das evidências, para além de não te darem a promoção, cortam-te na remuneração que não auferes, dizem-te que é necessário continuares a contribuir com a tua fome para pagar aos credores dos tascos e restaurantes, e mais: sabem que é a fome dos teus filhos e o trabalho não remunerado dos teus filhos a contribuir também. Já para não falar das outras formas servidas na ementa, que, por vezes, nos são impostas e é de todo impossível recusar. Escravatura moderna.

É certo que quem me serve (e a quem eu sirvo) são outros clientes que, como eu, sentem, pensam e são o que lhes tem sido servido em amplas doses nos tascos e restaurantes mais variados.

É certa a continuidade na romaria de entrada nesses locais, onde ultimamente já nem comemos ou bebemos, ou nos divertimos sequer, apenas lavamos a loiça, esfregamos o chão e limpamos as casas de banho, sempre com muita fome, e apenas porque nos mandam limpar e porque os outros que têm fome também limpam, e porque virtualmente temos um emprego remunerado, e virtualmente podemos alimentar os nossos filhos num futuro próximo que nunca mais chega…

E se eu não quiser mais ser servida ou servir na base do que outros decidiram escrever como ementa?

E se eu não quiser mais frequentar esses espaços de reprodução do interesse alheio?

E se eu não quiser mais optar por estas falsas opções?

E se eu quiser sentir, pensar e ser sem ementas, nem restaurantes, nem tascos?

Lá terei de ser criada ou criar-me de novo algures num espaço inexistente, num tempo intemporal num hiato dimensional.

A questão é...como acontece a criação?

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Apresentação do livro "Eu ou Ela?" na fnac Guimarães 27.02.2011

Sou um espírito de bem
fabricado ou nascido assim
não sei...
sinto, cá dentro, bem fundo...
que sou um espírito de dádiva...
sorrio
porque sei-me capaz de amar...
os amores aceites
e os amores que não são aceites...
morte será o dia
em que o meu coração parar.
Aceito-me um espírito singular.

I'm a spirit of goodness
produced or born this way
I don't know...
I feel inside, deep inside,
that I'm a sharing spirit...
I smile
because I know me...
as being able to love...
the accepted and the non-accepted loves...
death will be the day
when my heart stops.
I accept myself . A singular spirit.

(by Conceição Sousa )

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O nosso adormecer 15.02.2011

Há algo estranho a acontecer...
serenamente estranho...
Algo carinhosamente anuído,
num esboçar de sorriso doce,
num fechar de pálpebras lento,
em jeito de consentimento.
É o cansaço nos olhos,
amparado pelas rugas mais abaixo.
É o pente (sur)preso
surrealmente preso
num prateado cabelo...
E ao soltar, amplia e repara
em vários prateados fios,
não os conseguindo reparar...
É a face da amiga de infância
num cúmplice encorrilhar...
Tal como a vejo, a ela,
Ela me vê,a mim...
É um terno e lânguido apreciar.
Na subtil flacidez contam-se histórias
Memórias incrustadas no enrugar da tez.
Momentos guardados cá dentro
Fragmentos nas sardas do tempo.
Nos dedos, os nós, enchem-se
de cruzadas ininterruptas,
doem de saudades contentes.
As genuínas mãos entrelaçam-se
em escamas curtidas, resignadas,
e abraçam-se as roucas vozes
de vida plenas, coniventes,
mas não caladas.
Há algo estranho a acontecer...
serenamente estranho...
O início do nosso adormecer.

(de Conceição Sousa)

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

"Super-Nova" 30.08.2010

Imaginem...
Um enorme lago em tons de azul,
Com as mãos
Lancem, uma a uma, as pedras da desilusão
Arremessem-nas violentamente na escuridão.
Juntem os galhos enrugados dos tormentos
Soprem-lhes o fogo dos mártires lentos
Com os pés
Aconcheguem-nos num cume de vulcão
E observem a névoa da redenção.

Imaginem...
Grunhidos animalescos em redor,
Com a tez
Silenciem, um a um, os tons do atrevimento
Calem as esfomeadas e raivosas criaturas
Entoem o rosto no vale das agruras
Com a voz
Gritem-na, a consciência do momento
E escutem o sussurrar do vosso tempo.

Imaginem-se...
Sentados, com a cabeça nos joelhos pousada.
Levantem-na!
E arregalem os olhos expectantes no infinito
Fitem o breu da existência passada
E sonhem a super-nova agora em vós gerada.
Creiam nessa recente posição assumida
E degrau a degrau...sorrindo...
Abracem-se e à vossa recém-chegada vida!

(de Conceição Sousa in "Eu ou Ela?" )

sábado, 5 de fevereiro de 2011


Pestanejar é humano,
abrir os olhos é profano,
VER é milagre,
AGIR é sa(n)grado... /

blinking is human,
opening the eyes is profane,
SEEING is a miracle,
ACTING is holy bleeding

(Conceição Sousa)

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Ecodalma: "Francisco" in "Eu ou Ela?"

Ecodalma: "Francisco" in "Eu ou Ela?": "Premiaste o universo com tua semente Abalaste o deserto a caminho do ventre Usurpada escorregas na dor do insano Lastimas a usura do sonho p..."