Simples, contida é esta mulher
Ama a vida e sabe o que não quer
Levanta o ânimo dos que a escutam
Enfrenta o pânico daqueles que lutam
Tece o bem em linha de renda
Testa o desdém de quem está à venda
Emenda, emenda e emenda...
Atura paciente a dor alheia
Remata contente na hora da ceia
Morde a injustiça e apega-se às letras
Age sem pena, não tolera tretas
Nasce a cada dia, embora sempre lá
Duvida por norma, mas permanece cá
Acalma, acalma e acalma...
Nada como peixe no rio do dó
Anima assim mesmo na garganta o nó
Tudo sonha e tudo perde
Aspira o chão mas até esse cede
Lastima a vida que não teve
Inflige nos queixosos o poder da resistência
Ataca, ataca e ataca a neurótica anuência
Afasta íntegra o lado negro do estar
Lança de luva branca o verbo amar
Inspira, na perfeição, o dar a outra face
Canta alegre os momentos em que renasce
E cresce, cresce, cresce...
Encaixa o dom de saber ser
Lapida no espírito um toque de mulher
Intui no porte daquele que sabe
Sofre pelo outro sem fazer alarde
Actua, actua e actua...
Cativa pela constância do doce lidar
Usurpa o trabalho que não quer o par
Sustenta no doméstico a aura do coração
Torce o estendal da eterna devoção
Oferece a mão-de-obra no aspirar da alma o pó
Desvenda no brunir um acarinhar do que está só
Incrusta no espírito a receita do incondicional Amor
Amamenta, amamenta e amamenta todo o tipo de dor...
( de Conceição Sousa)
Sem comentários:
Enviar um comentário