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domingo, 22 de março de 2015

Não és assim tão importante.

Não és assim tão importante... penso que já percebeste isso, não? Importante sou eu. Mas, admito, gosto deste sossego que me prende a ti, desta vontade de te sentir como quem agradece o alvorecer, ou abre os poros à fragrância vespertina, ou degusta o beijo fresco da madrugada no orvalho que nos ressuscita a pele. Não és assim tão importante, apenas na medida em que o é um habitat natural. Contigo, respiro. Contigo, sorrio. Contigo, amo. Contigo, vivo... mas sem ti, sem ter noção de que é sempre contigo, mesmo pensando que sem ti. E não é assim com o sol, o vento, a lua,os órgãos internos, os ossos? E não é assim com as árvores, a água, a temperatura amena, os órgãos externos, a pele? E não é sempre assim, sem ter noção de que é sempre contigo,mesmo pensando que sem ti? Porque o que nos consubstancia, desde o ventre - o sangue! -, não abre as vísceras todos os dias para nos mostrar do que somos feitos, mas está sempre lá, é do que somos feitos e nem por isso lhe damos o visceral valor. Esquecemo-nos. Esquecemo-nos de que nada é garantido. E basta que um ínfimo nada falte para que tudo desabe. E tu és apenas um ínfimo nada que não pode, de maneira alguma, faltar,ouviste? Não podes - estás proíbido de -, faltar-me. Mas não és assim tão importante...

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