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sábado, 11 de julho de 2015

No fim não há o verbo

Ofereço palavras, umas atrás das outras,
nem sempre com gente perto,
às vezes, muitas vezes, só para os meus dedos,
os meus olhos, e um outro tempo, talvez...
penso que é isto que nos distingue dos seres inanimados,
esta vontade desesperada de comunicar.
Talvez também eles se façam dela - e nós ainda não tenhamos
descoberto o canal da sua recepção. Já que, entre nós, seres que desesperam por comunicar, raramente se assista à sua compreensão, raramente se escute um desespero diferente do nosso.
Porque somos tão focados num só indivíduo?
Porque desesperamos por comunicar e só escutamos o nosso próprio umbigo?
Deus deu-nos o dom da palavra para que nos consigamos libertar do nosso ego,
e só encontraremos o sentido da vida quando abraçarmos o nosso silêncio e soubermos escutar o silêncio do nosso irmão.
No fim de tudo, não há o verbo: esse só atrapalha.
Quem me escuta?
Eu, ainda, não sei escutar ninguém.


Conceição Sousa

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