Premiaste o universo com tua semente
Abalaste o deserto a caminho do ventre
Usurpada escorregas na dor do insano
Lastimas a usura do sonho profano
Aceitas o fado abraçando o menino
Libertas o estado em defesa do mimo
Uivas solene no teu eremítico recanto
Rematas o torpor que te causa o pranto
Divagas confusa longas horas a fio
Esqueces-te de ti e matas o temido cio
Síndrome de Down dizem-te com desdém
Amparas a angústia do que aí vem
Respeitas a mente do corpo franzino
Mudas as fraldas moendo o destino
Ajeitas a roupa em teu nado crente
Nomeias palavras em ânsia demente
Desdenhas olhares vidrados ferida
Abandonam teu filho com ar de fingida
Contemplas perdida teu rosto de mãe
Ofereces em manto invisível teu bem
Numeras os dias, os meses, a lua e o chão
Confortas demais quem come teu pão
Enfeitas nosso mundo de paz e amor
Imerges no lago do acaso em suor
Cativas teu filho em calor desprendido
Aluis perante ele e seu sorriso querido
Oras sua existência e agradeces a data
Em que foi concebido e to deu a bata!
(de Conceição Sousa )
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