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domingo, 1 de maio de 2011

Olho para o meu corpo e vejo

Olho para o meu corpo e vejo
As estrias, na barriga, que nem ondas do desejo,
desejo que cresceu ao vê-la, incrédula, aumentar
desejo ansioso de te conhecer, sem muito esperar.
Olho para o meu corpo e vejo
a lomba, na zona do ventre, docemente formada,
o espelho da maternidade, magia ali ancorada,
orgulhosa mostro-a ao mundo, mãe babada.
Olho para o meu corpo e vejo
a curva sinuosa, ao fundo da coluna,
o peso abençoado, da gestação responsabilidade,
o encanto com que sustive nossa felicidade.
Olho para o meu corpo e vejo
na fragilidade dos ossos, o carinho dos filhos,
na dor de dentes, que me visita de quando em vez,
a nutrição, no ventre, de meus queridos bebés.
Olho para o meu corpo e vejo
na flacidez das peles, em que se tornou,
o homem e a mulher, que o Amor sonharam,
e da loucura, as sementes, que ali se geraram.
Olho para o meu corpo e vejo
A bela escultura que dele fizeram
O encanto embevecido com que o olham
Os olhos dos escultores,que nele trabalham,
E sinto, nestas marcas da maternidade,
Um enorme bem-estar, de quem muito de si dá,
Recebo a toda a hora, por via delas, e de quem as admira,
Fragmentos de felicidade, do presente e do passado,
E recordo, com saudade, as dores da maternidade
Sentindo, a todo o momento, por dentro da carne,
Os meus amados filhos, os precoces movimentos,
Que nem ratinhos, movimentando-se por baixo do tapete
Quando, na minha pele, lânguida os acariciava,
Comunicavam à mãe, ondulando, que sabiam quem os amava.
E ainda hoje ondulam, acocorados, no meu eterno colo,
Pedem-me canções de embalar de tempos idos
Que canto, incansavelmente, aos nossos ouvidos.
Sabem, que os amo, e que ,em mim, estão seguros
Pois o cordão, que nos cortaram, não levantou muros
Nos umbigos faz-se presente e mostra-nos a eternidade
Que é o acto e o amor incondicional da maternidade!

(de Conceição Sousa )

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