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sexta-feira, 3 de junho de 2011

Pigmaleão / Pygmalion

É um esculpir sofrido da musa sonhada,

É um carpir eremítico – na sua amada.


Dói: vê-lo
- Pigmaleão - chorando o vazio;


Celibatário na carne, na aparência vadio.

Alinha o estar na roda do intelecto

Percepciona o amor objecto abjecto.

Nesta realidade: fome, sede e seca.

Sacia-se no pensamento venerar confessa.

Molda em redor c(a)rente mundo intuído,

Crava na pedra seu sonho, vencido.

Fustiga a estátua no rugir das vagas marés

Oferecendo-se pó ao vento, de lés a lés.

Aura – aguarda o sacrifício da ansiada chuva.

À obra finda: afaga branca e acetinada luva.

Por terras inférteis devaneia Céus e infinito;

É o efeito que trago no peito – assim foi escrito.

Plebeia observo - doce e mágica humanização –

O amor no olhar brilhante de Pigmaleão.

(Conceição Sousa )


It's a suffering sculpting on the dreamt muse
It's a hermit carving - in his beloved one.
It hurts: watching him
-Pygmalion- crying the emptiness.
Celibate in the flesh, vagrant in the appearance
He adjusts the being by the intelect wheel (will)
and grasps the love as a hideous object.
This reality: hunger, thirst and drought
He slakes in the thought veneration confesses
He shapes around believing in a perceived world,
Carves in the stone his dream, lost and alone.
Fustigating the statue in the roaring of the tide waves
offering himself dust to the wind worldwide.
Aura - expecting the sacrifice of the avid rain
To the final work: pampers white and satin glove.
Through infertile lands he wanders skies and infinite
It's the effect that I bring inside - so it was written.
Plebeian I observe - sweet and magic humanization -
The love in the shining Pygmalion gaze.

(Conceição Sousa )

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