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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Dois

Não me falas – e, ainda assim, sei que me amas.

Não me tocas – e, ainda assim, sei que me choras.

Não me crês – e, ainda assim, sei que me gemes.

Não me vês – e, ainda assim, sei que me queres.

Não me marcas – e, ainda assim, sei que me sentes.

Não me sabes – e, ainda assim, sei que te dóis.

Dois – ainda assim, é o número que nos sei agora,

antes e depois: dóis-me.

Sei que, algures, no tempo –

entre um espaço que, por não se mover,

se move,

e um ar do Criador que, por não se mostrar,

se mostra –

tu e eu seremos nós: dóis.

O nós, que nos sei, não será a sós.

Não será só “ch”,

não será só silêncio.

Será infinito de palavras na alma,

o eu acompanhado do tempo,

de Deus momento: verdade no sentimento.

Amo-te, em mim, seres meu, e em ti,

com o devido tempo: dois sem véu.
(de Conceição Sousa)

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