Não me falas – e, ainda assim, sei que me amas.
Não me tocas – e, ainda assim, sei que me choras.
Não me crês – e, ainda assim, sei que me gemes.
Não me vês – e, ainda assim, sei que me queres.
Não me marcas – e, ainda assim, sei que me sentes.
Não me sabes – e, ainda assim, sei que te dóis.
Dois – ainda assim, é o número que nos sei agora,
antes e depois: dóis-me.
Sei que, algures, no tempo –
entre um espaço que, por não se mover,
se move,
e um ar do Criador que, por não se mostrar,
se mostra –
tu e eu seremos nós: dóis.
O nós, que nos sei, não será a sós.
Não será só “ch”,
não será só silêncio.
Será infinito de palavras na alma,
o eu acompanhado do tempo,
de Deus momento: verdade no sentimento.
Amo-te, em mim, seres meu, e em ti,
com o devido tempo: dois sem véu.
(de Conceição Sousa)
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