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quarta-feira, 18 de julho de 2012


Estrebuchar: é a minha área.

Recebo os choques, constantemente, como todos os outros,

mas ainda consigo estrebuchar.

Não me aninho, nem fujo ( só de vez em quando…) –

também não há p’ra onde fugir –

nem me finjo de morta.

Estrebucho.

Faço questão de ordenar ao meu corpo

(já cansado, já massacrado – como o de todos os outros)

que estrebuche:

 - Vá, diz-lhes! Diz-lhes que estamos vivos.

-  Vá, mostra-lhes! Mostra-lhes que não gostas.

 Lança-lhes o teu olhar húmido de ódio,

 e mostra-lhes que tens o direito inalienável a viver condignamente.

 É teu.

Pode ser que um dia os choques se cansem e se aninhem

(de quando em vez…) –

e não tenham p’ra onde fugir,

e se finjam de mortos.

Pode ser que, finalmente,

percebam o seu dever.



(Conceição Sousa)

1 comentário:

  1. E todos os dias nos confrontamos com adversidades que nos fazem sentir chocados, desnorteados, humilhados, confusos...
    E todos os dias queremos não vergar sob o peso que tais acontecimentos nos provocam...
    E todos os dias nos encontramos sem fuga, fingindo-nos de mortos, odiando...
    E todos os dias fazemos o contrário de tudo isso...estrebuchamos!
    E porquê?
    Porque estamos vivos!

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