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quarta-feira, 25 de setembro de 2013

recém-nascido

Um filho, recém-nascido, procura sofregamente o mamilo da mãe;
suga-lhe a alma, e só aí descansa.
O amor dói. O amor greta.
O amor sente que não sacia a fome.
O amor é impotente quando o seu leite não nutre,
quando o seu alimento não é mais que um fio de água translúcida, quando não alcança a pacificação do seu rebento.
E o pânico, o choro dobrado, o tremor, o suor
dizem-nos com toda a clareza:
deixaste de ser,
agora és eu.
E tu pensas:
se ao menos à tua vida
bastasse a minha -
como no ventre.
(F)
Conceição Sousa

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