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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Tala

Quando a realidade é incomportável, Deus abre todas as portas, e a mente alcança o inexplicável. O humano toca as extremidades do divino, defesa à dor, cascata de espanto, portal que nos transporta para uma sintonia de tudo, um equilíbrio sóbrio, um deslumbramento difícil de aceitar porque não cabe na rotina dos homens. Mas a linguagem do acaso e das coincidências adensa-se e, num período habitualmente curto, a comunicação com o outro lado acontece. Todo o simbolismo da natu...reza, de repente, transforma-se em respostas e passamos a ver algo mais na simplicidade do habitual: numa melodia, numa fotografia, num número, num encadeamento de palavras, num acenar de folhas, num assobio de ventania, numa forma que se desenha quando soltamos uma pedra no lago, num aroma familiar, num padrão, numa textura, num nome que foi atribuido a alguém e , de repente, consubstancia-se em mensagem de poder. "Tala", o ritmo dos deuses, é testemunho dessa realidade incomportável e da abertura fugaz desse elo de comunicação com o inexplicável. E o que é a criação, afinal? Será realidade ou não? Gosto de pensar, ou melhor, prefiro pensar ( porque penso que o senti- e não terei sido caso único ) que o divino está bem aqui, bem próximo do humano, bem dentro do humano.
(Conceição Sousa)

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