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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

nunca peço

Sei que não to vou pedir. Eu nunca peço.
Faço. Faço sempre.
Faço até p'ra lá do limite. Até p'ra lá da exaustão.
E continuo a fazer.
Porque é assim que sou: fazer.
Mas também é assim que sou: não conseguir pedir.
Não sei. A voz não sai. A boca nem sequer entreabre.
A voz nunca sai. A boca nunca se entreabre.
Não sou pedir. Não sou pedir.
Sou fazer ou não fazer....
Não sou pedir.
E o que sou nunca peço.
E se sabes o que sou é porque teclo. Dedos, não boca.
Mãos, não língua. Movimento, não voz.
Eu nunca falo. Nunca falo.
É pela ponta dos dedos o que sabes.
É pela ponta dos dedos o que peço.
Escrevo.

Conceição Sousa

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