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quarta-feira, 7 de agosto de 2013

neblina

Às vezes, sinto, que não me pertenço. Às vezes, uma neblina cobre-me a mente: o olhar dispersa, todo o som ecoa cada vez mais longínquo, e mesmo o tacto se esquece do toque - já nem se lembra. Alguém me mordisca a pele, alguém suga o meu pescoço; o tónus desertou o meu corpo, congeminou com o intumescimento e, numa nómada travessia, encavalitaram-se num espírito que deixou de me habitar. O arrepio partiu no voo de um único, inerme, não cumprido, gemido.
Como chamamos ao tempo inconsciente, ao instante que já não nos traz no ventre?
Será vida parassimpática?


(F)


(Conceição Sousa)

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