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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

É tudo menos não.

Trazes-me no colo (peça de ouro) desde que nasci -
na dor de me dizeres não; abdicas da vida,do sim de ti.
Choras - sei que sim - no encalço consumido de mim;
Ris nas madrugadas - no despertar da infância a voz
que embalas, tempo adentro, à desaguada foz.
Carrasco é o teu trabalho - esse de amares tua família;
na paixão com que o fazes baralhas qualquer quezília.
Aprendi a confiar no sangue que me deu o ser -
ao contornar a dor quando me impedes de viver.
Na verdade, com o passar das estações, percebo: esquivas-me de morrer.
É dura a tua luta ( ainda hoje), meu pai, bem o sei...
Mas sabes que de mim tens todo o amor: é de Deus a lei.
Oro: muitos mais anos a contemplar teu meigo olhar;
esse, gasto e sofrido no teu incansável incondicional amar.
A prece dos meus dias é que te sinta aqui neste mundo -
massacrado pelas rugas do tempo - vivo a cada segundo.
Egoísmo? Pode ser. Amor sei que sim. Receio de perder o Norte de mim.
Embora entreouça no lamentar do teu entregue estilhaçado coração
a eternidade do peso, do rigor, do afagar e proteger da tua mão.
É um amor dentro, este, o meu por ti, pai : é tudo menos não.

(Conceição Sousa)


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