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quarta-feira, 13 de março de 2013

Ama-o, porque é teu.

Deus existe, sim.
E tu tens ciúmes de Deus, porque ele conhece o meu amor e tu não.
O que não te disse ainda é que Deus é uma mulher.
Eu e o meu entendimento de Deus só podem ter sido gerados pelo que eu conheço,
pelo que sou: uma mulher.
E essa mulher existe, sim.
Essa mulher é linda.
Essa mulher é divina sempre que abre os braços p'ra me acolher,
para acolher todos quantos conheço e me conhecem.
Essa mulher ensina-me, todos os dias, a percorrer mais uma etapa,
a respirar mais um amanhecer, a agradecer mais um entardecer.
Essa mulher presenteia-me com tudo o que eu quiser,
porque se eu quiser sorrir, eu sorrio;
se seu preferir chorar, eu choro;
se eu quiser voar no sonho de uma criação rara, eu voo, deslumbrada,
e nem p'ra baixo olho.
Essa mulher dorme no meu sentimento e acorda todos os colibris
quando o sinal vermelho me pinta a passadeira,
quando aquele som contínuo dispara o negro do abismo.
Essa mulher conhece o meu sono
e, embora já me tenha acenado algumas vezes o adeus,
regressa sempre de lágrimas no colo:
"Deita aqui o teu desespero, é água benta, minha filha.

Sente como é fresca e te ressuscita.
Vai. Inspira-te e aos teus.
Vai. Sente-me, ao teu amor, em ti, o teu Deus.
Não queiras prever o amanhã.
Tudo o que tens é o instante. Apaga o restante.
Abraça-te, sem demora.
Estás. És: o Deus que conheces, o que decide o aqui e o agora.
Sorri a cada pequeno detalhe, a cada rotina de vento, a cada sabor a momento.
E ama-o. Ama-o. Ama-o sem jeito. Ama-o sem a dor.
Ama-o, porque é teu.
Ele crê em ti, só tens de o agarrar."

(Conceição Sousa)


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