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segunda-feira, 11 de março de 2013

E eu amo-te

Se não for para te amar, isto a que chamam vida não o é.
E eu amo-te, em cada alvorecer, em cada crepúsculo lento de mim.
E eu amo-te, primavera dourada, recital titubeante de auroras e hortênsias e demoras.
E eu amo-te, inverno ribombante, troar rabugento de uivos lacrimosos e soluçantes.
E eu amo-te, outono indignado, argumento de vacilos, demover ensandecido em cada crepitar extinto.
E eu amo-te, verão pantominado, arfar meu que articula um fogo obstinado e certo.
És aroma a caxemira;
és sabor a limão e mel;
és visão de oriente, incenso mudo;
és cântico tibetano,
és toque de gente,
o insano que sente.
És meu estar,
louvor a Deus,
na arte de amar.
E eu amo-te, e eu vivo-me.
E vós, que nos sabeis,
mergulhai em vossos amores,
em vidas que se amam,
em estares sem leis.
Na minha lápide, escrevei:
"Viveu, feliz, para amar
e morreu feliz e amada -
e fez por que continuassem a senti-lo,
ao seu amor."
Agora diz que não me amas.

(Conceição Sousa)


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