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sexta-feira, 8 de março de 2013

múmia


Por que me deitaste num leito temperado de sal e sono
e deixaste que as águas ocupassem o espaço do teu abraço?
Agora queres fazer amor com um glaciar à deriva, uma raíz decepada
a hibernar no lago dos moribundos.
O clímax do teu desejo fumega
na carcaça inerte da alma desprovida de nome,
a múmia petrificada no escudo do teu cansaço incógnito,
a seiva que transbordou o corpo
e cobriu de toque o vazio do teu beijo doce.
Quem te marcou
esse querer, suor meu?

(Texto: Conceção Sousa)

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