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terça-feira, 19 de março de 2013

quem irei eu amar?


Por muito que te sintas
Esquecido,
Mal amado,
Mau amante,
O traste sem perdão,
Lembra-te:
Saber-te aqui, junto a mim, é a razão do meu viver –
E eu não mereço morrer, sim?
Se me desertares,
Quem mais irei eu amar?
Se te fores,
Onde encontrarei eu forças para um abraço em tantos outros?
Se partires,
Como irei eu beijar em redor se a humidade se agarra aos meus olhos?
Serás aquele que não terei mais próximo de mim para amar
E – como qualquer um dos outros –
O vazio do teu rosto em lágrimas no meu peito,
Esse desabafo oco por dentro do meu abraço,
Esse toque a deserto no meu afago,
Essa ausência de voz para o meu beijo,
Tornará os meus dias mais tristes.
Porque não sabes, mas és como o sol –
E nem o sol é perfeito:
Abandonas-me todas as noites,
Mas sei que voltas todas as manhãs;
Brilhas nos cantos do meu sorriso,
E queimas os sonhos que te digo;
Aqueces-me a alma que te pede;
Mas ofuscas-me a visão se teimo na tua direcção.
E tu, tal como o sol, não és perfeito,
Apenas naquela certeza de que vais mas vens,
E estás até que chegue a minha vez de ir.
Um traste sem perdão, sim; mas a razão do meu viver:
Algo a que posso chamar de amor,
E é por ti que vivo,
Existo para te amar.
Percebes agora porque não podes me deixar?

*
 (Conceição Sousa)


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