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sexta-feira, 8 de março de 2013

Podes levar tudo.

Bem vês, como suo,
diariamente,
para que todos em meu redor possam sorrir,
simplesmente sorrir.
Bem sentes,

como o sou,
desprendida de tudo,
afecto colhido e entregue: mero transmissor.
Bem escutas,

como anseio a tua compreensão,
fé no acaso construída,
a partilha do teu abalo.
Juro que, mil vezes, tentei

não ser assim,
fugir ao que sou, a este mim,
e resguardar-me no egoísmo de uma mão fechada -
até porque me é difícil aceitar

todas as provas tão injustas pelas quais me obrigas a passar.
Mas não há remédio.

No clique da decisão, é sempre a mesma
a escolha:
podes levar tudo, irmão.

Com ou sem sorriso,
podes levar tudo.

*


(Conceição Sousa)

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