Nunca, alguma vez, alguém conseguiu tocar neste brilho rubro,
de fundo de muralha a carvão,
surrado de dor e de não,
contido em camadas de quartzo cavernoso.
Nunca, alguma vez, alguém conseguiu sequer perfurar uma minúscula fissura de luz,
espasmo vulcânico no adro,
silêncio de prece consumado.
Nunca, alguma vez, alguém, a não ser tu, estranho peregrino -
que numa exígua falha de cerco,
arrebataste o rubi do pesar lento,
despiste-o do tempo sombrio e da montanha,
lapidaste-o na melodia vaga de um arco-íris:
a lágrima nua entregue ao sol deposto -
quando ambos se haviam já esquecido de acreditar.
Uma fracção singular de socorre-me
porque há muito quem precise de me sentir, ao meu brilho.
(não o deixes apagar-se.)
E ainda perguntas se te amo.
Deus entrou em ti e aí ficou -
só para que me guardasses no seu amor.
(Conceição Sousa)
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