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sábado, 23 de fevereiro de 2013

Cisão. Ruptura.

Cisão. Ruptura.
Se não conhecesse, por dentro, o significado desta palavra
(porque o conceito é um só),
ainda hoje caminharia pela tua mão (com a rédea bem presa), s
oltaria vocábulos pouco perceptíveis ao entendimento -
ou, no mínimo, repetiria o teu discurso neandertal
(novo léxico? quando não se dá um passo além do familiar, não é pertinente) -,
e, acredita, não me daria ao trabalho de recorrer à sanita
(p'ra quê? a fralda que tão carinhosamente me colocarias, serviria perfeitamente).
Cisão. Ruptura.
Se não sentisse por dentro o poder deste conceito,
não regatearia além do comodismo vendável da adolescência,
não exigiria o fim da força do chicote,
não adoeceria pela luta constante do voo além da redoma de vidro.
Cisão. Ruptura.
Dou graças aos Céus por procurá-las sofregamente a todo o instante,
pois sem a ânsia delas nunca teria sequer tocado no meu ser mais adiante:
um autónomo, independente, sábio do sangue da vida, insaciável no canto da liberdade -
e, escuta-me bem,
só se encontra na liberdade quem alguma vez sentiu que ( talvez?) nunca pudesse sê-la.
Cisão.Ruptura.
É o que o país precisa para que todos possamos saborear o sal da vida:
suor, lágrima e despedida.
Cisão. Ruptura.
O graal de quem abraça o tempo (o seu e o dos outros) com veemente ternura.

(Conceição Sousa)

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