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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

zeros à direita

Interesses perversos, almas descaracterizadas, mentes manipuladoras convertidas à ganância pela doença do século - o olho agigantado face ao capital -, contagiam tudo em redor com tentáculos de chantagem, corrupção e temor. É preciso que saibam que nos querem conformados e subservientes, nós, os escravos, nós, os metecas pagadores de impostos, e, com jeitinho, nós, as mulheres, fadas do lar. Voltámos ao conceito de cidadania da Grécia antiga? Cuidado! O que será que os governos da actualidade entendem como cidadão? Os velhos? Não. Convém que morram. Mais entra no bolso do rico que rouba ao pobre. Os doentes? Não. Convém que morram. Mais entra no bolso do rico que rouba ao pobre. O Português? Não. Convém que emigre - e, já agora, que mande para cá o pastel. Mais entra no bolso do rico que rouba ao pobre. Venham os velhos e doentes capitalistas estrangeiros. Esses já têm o terreno devidamente desocupado para entrarem e se instalarem neste pedaço de chão benzido por sol, terra e mar - um paraíso fiscal ( quem diria?). Nós, os números, deixámos de ser sangue que ferve e corpo que abraça. E eles, as pessoas, passaram a ser venerados, sendo que a maior invenção árabe foi o zero. Muitos à direita. Mais entra no bolso do rico que rouba ao pobre.

(Conceição Sousa in " Folhetim do Português Sem Sopa, Mas Ainda Com Boca")

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