Quando a mágoa consegue ser maior do que o amor,
há um rio que deixa de correr para o mar.
Um muro que muitos alguéns se dão ao trabalho de construir,
vidas pequeninas, sorridentes em cada estocada,
em cada pedaço de água emparedada,
vidas pequeninas a tentar impedir uma outra de passar,
só para que possam respirar.
O que elas não entendem é que a barragem só funciona
porque o mar é salgado e não sabe abraçar.
Quando o mar aprender, galgará o leito deserto,
mudará o curso das águas
e não haverá pedra sobre pedra,
nem gente que não sente, que o impeça de beijar a doçura da minha boca.
E só nas lágrimas restará alguma salitre do que outrora só sabia aguardar.
(Conceição Sousa)
Sem comentários:
Enviar um comentário