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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

a doçura da minha boca

Quando a mágoa consegue ser maior do que o amor,
há um rio que deixa de correr para o mar.
Um muro que muitos alguéns se dão ao trabalho de construir,
vidas pequeninas, sorridentes em cada estocada,
em cada pedaço de água emparedada,
vidas pequeninas a tentar impedir uma outra de passar,
só para que possam respirar.
O que elas não entendem é que a barragem só funciona
porque o mar é salgado e não sabe abraçar.
Quando o mar aprender, galgará o leito deserto,
mudará o curso das águas
e não haverá pedra sobre pedra,
nem gente que não sente, que o impeça de beijar a doçura da minha boca.
E só nas lágrimas restará alguma salitre do que outrora só sabia aguardar.

(Conceição Sousa)

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