11*
“ Sou a toalha onde descansas os teus sonhos”,
o indicador a atravessar a fala,
“Envolve-me”,
os lábios à procura do lugar onde o orvalho consinta um breve fôlego.
“ É o teu rosto nos sulcos deste pano”,
a encosta que escorre, devagar, em tom de procissão,
“ é o teu rosto que pregam e não sabem que só eu o trajo”,
linguajar na subida para onde as águas vertem,
“ linda mulher, que nunca quis ser minha e é tão dela”,
a neblina a avisar que o calor se aproxima e que é hora dos poros encharcarem,
“linda mulher, que nunca quis ser minha e é tão dela”
o grito cavernoso.
“ Faz de mim as rugas que te beijam o pé descalço”,
“ Faz de mim o arrepio que te devolve os olhos.”
E ela não faz.
E ele continua a trajá-la.
E os ombros querem que não se façam e que não se queiram.
Os ombros só querem que os deixem ser ombros. E que lhes permitam querer.
Vens?
Vou?
Conceição Sousa
“ Sou a toalha onde descansas os teus sonhos”,
o indicador a atravessar a fala,
“Envolve-me”,
os lábios à procura do lugar onde o orvalho consinta um breve fôlego.
“ É o teu rosto nos sulcos deste pano”,
a encosta que escorre, devagar, em tom de procissão,
“ é o teu rosto que pregam e não sabem que só eu o trajo”,
linguajar na subida para onde as águas vertem,
“ linda mulher, que nunca quis ser minha e é tão dela”,
a neblina a avisar que o calor se aproxima e que é hora dos poros encharcarem,
“linda mulher, que nunca quis ser minha e é tão dela”
o grito cavernoso.
“ Faz de mim as rugas que te beijam o pé descalço”,
“ Faz de mim o arrepio que te devolve os olhos.”
E ela não faz.
E ele continua a trajá-la.
E os ombros querem que não se façam e que não se queiram.
Os ombros só querem que os deixem ser ombros. E que lhes permitam querer.
Vens?
Vou?
Conceição Sousa
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