Dizias-me que não podias me dizer que era bonita porque o era mesmo e que, se mo dissesses, poderia tomar conhecimento disso e ver no olhar dos outros que era isso mesmo que me diziam: és bonita.
Dizias-me que se tomasse conhecimento disso, e do que o olhar dos outros verdadeiramente me dizia, poderia encontrar maior beleza do que a tua num outro olhar que mo estivesse a dizer.
Dizias-me que se me tratasses com carinho, poderia habituar-me a ser tratada com carinho, poderia gostar de ser tratada com carinho e que , se aprendesse a ser tratada com carinho, poderia reconhecer esse gesto nas mãos de outro e trocar o teu carinho pelo carinho de outro.
Dizias-me tudo ao contrário do que me querias dizer só para que eu não descobrisse quem verdadeiramente era e me pudesses perder, monstro.
Mas não precisei que mo dissesses, o tudo que me mentiste. Logo na primeira palavra que omitiste, no primeiro gesto que confundiste, percebi o quanto me enganei. Que nunca serias tu o homem que amei.
(Conceição Sousa)
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