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terça-feira, 16 de abril de 2013

conter

Aprendi a conter-me.
Em tempos, entreguei o meu amor ao ponto da anestesia,
de me perder de mim,
de me esgotar de corpo,
de me evadir de espírito.
E quase não me regressei.
Aprendi a conter-me.
Na verdade, não aprendi, não.
A escrita é a entrega possível de um humano
(que não passa de um corpo apenas)
a todos quantos necessitem do seu abraço,
mas não deixa de ser uma doação aldrabada -
tudo o que não é de um para um é batota
( e isso dói).
Queria poder fazer mais, ser mais,
entregar o meu amor pessoalmente a ti,
em forma de conforto,
em forno de alento,
em lume brando num olhar atento,
e que tu pudesses escutar: diz,meu amor, estou aqui.
Diz, meu amor, estou aqui...

(Conceição Sousa)

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