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terça-feira, 30 de abril de 2013

casinhas e cowboys

O que tu não sabes
É que estás com ela
Porque te segredei esses passos,
Ao encontro de mim,
Nas letras onde nos pequei.
Decalcavam as pegadas ocas de nós,
Que te tatuei numa jugular protuberante,
Um cio verde num encosto de amante,
O meu fio de maturidade,
Prenhe de ausência de voz,
No silêncio do caminho dessa felicidade: à nossa.
O que tu não sabes
é que sou o teu mais além,
Nesse dia-a-dia de brincar às casinhas e aos cowboys,
Mendigos de afecto nós dois,
Na anuência do beijo ao alcance,
Na paz do que tens de percorrer –
Aquele depois que nada é sem o antes.
Aquele antes que tudo é para o depois.
E que as roupas que lhe despes
São precisas no ritual
De nos vestires o pleno, animal.
O que tu não sabes
É que te amo, sim.
Ouviste bem? Amo-te, sim.
Mais uma década te aparta deste som: amo-te, sim.
Amo-te no teu tempo mais adiante,
O meu de agora.
Um dia hás-de cá chegar p’ra mo dizer, a mim.
Desde já te agradeço, meu amor,
Pois sei que mo dirás de coração
“amo-te”,
A esta que te ficou tão só e apenas na mão, perdão.

(Conceição Sousa)

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