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terça-feira, 16 de abril de 2013

nylon


Estou a um fio de nylon de morrer do amor...
mas não de ti.
E essa lágrima que me mostras
prende-me ao beijo cerzido.
A dor que se amortece da queda
na água de ambas as bocas;
a voz que recuou ao dedilhar
das letras salivantes e ocas.
Estou a um fio de tinta
de nos matar o amor,
mas não a nós -
uma linha que se escusa a tornear
o corpo, o fervor rubro;
uma sede que nos prende à vida,
o tom do gemido morto.
Estou a um feixe de luz de me entregar a ti,
a esse quero-te.
Toma-me, rasgo de mágoa;
verte-me, espasmo de mundo;
entranha-me, torpor ensandecido.
Estamos na neblina,
a um hiato de nos enlamearmos:
pó e chuva.

(Conceição Sousa)


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