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quarta-feira, 10 de julho de 2013

a vida é-te

A vida é-te.
Assim, do nada, de repente, existes.
És: vida.
Ao escutares, algures, no tempo, um outro -
e com a soma de muitos escutares de muitos outros -,
vais te apercebendo e percebendo: vida.
E a vida entra-te.
E a vida dói-te.
E a vida amadurece-te.
E a vida recua e avança e retorna-te.
E a vida, verdadeira vida, acontece-te.
Nesse instante, estás preparado para ser feliz.
As rugas e a flacidez dizem-te
que a felicidade não traz
(nem nunca trouxe,
nem nunca trará)
o corpo dentro -
simplesmente porque o tempo da felicidade
não é compatível com o tempo do corpo.
Até aqui já percebi.
Falta-me mais algum tempo de vida
para perceber um pouco mais.
Depois digo-vos.
 

(F)
 (Conceição Sousa)

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