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quarta-feira, 10 de julho de 2013

sete cravos

Quando a chamou, naquele fim de alumiar,
ela estremeceu,
parou, paralisou, suou,
de olhos fechados contou sete cravos...
ouviu, era a voz dele, era mesmo, e chamava-a de novo,
chamava-a pelo seu nome, três pausadas e enrouquecidas batidas,
sentia-lhe na nuca o vento, o compasso do fôlego,
contou sete tulipas, ainda de olhos fechados,
devagar, reclinou o rosto sobre o ombro direito,
e escutou, mais uma vez, a pele a aquecer,
o tom violácea a enrubescer, a intumescer,
o sopro das três vagas a implorar as sílabas do seu nome ao ouvido...
contou sete espinhos, de pálpebras cerradas,
e sentiu os botões erguerem-se no soltar das cavidades lacrimais.
Era ele que a chamava, era mesmo ele, a cera a escorregar...
Abriu os olhos e jurou.
Tarde demais.

(F)

(Conceição Sousa)


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