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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

conto de fadas


Prometeste-me um conto de fadas, sim,
o conto de fadas que me ensinaram a sonhar,
desde que as tranças da Rapunzel roubaram o brasão dourado de mim,
no meu primeiro soletrar,
desde que a Branca de Neve me fez perguntar ao espelho
se as espigas de milho, nascidas em pleno estio,
também tinham um príncipe para as salvar.
O cavalo branco? Não, não era importante.
Mas sempre me achei feia,
só porque os meus cachos eram como os das uvas,
mas não da cor das trevas.
Embriagaste-me na utopia dos felizes para sempre -
e nem te pedi que me resga(s)tasses ao instante só meu,
ao cru instinto,
ao primeiro sopro, no precipício do ventre.
Quem precisa de príncipes
quando conhece o calor da origem,
o saber da água a escaldar,
na gestação do amar?

( Conceição Sousa )

*

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