Quando nos virmos,
sei que não diremos uma palavra
(e, no entanto, no silêncio, não deixaremos de nos mandar calar),
fingiremos não nos ver
(embora impedidos de nos desviar o olhar),
mas o sorriso estará lá, bem à vista de todos, subtil nos cantos
(contudo as lágrimas, de duas horas à frente, abundarão no rosto).
E, como todos os que se amam
e disso, do que são, não podem fugir,
despir-nos-emos à pressa no lábio mordido
e faremos a nossa festa no virar de costas,
o instante ainda por ser, o
nosso dever cumprido.
Cumpra-se a nossa vontade, amor.
(Conceição Sousa)
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