Incomodam-me as pessoas feias: as que insistem em se manter ignorantes de sol, de lua, de chuva, de vento, de mar; as que sorriem vitoriosas perante uma maldade, um acto de incredulidade, mais uma morte da sua abençoada vida nisto que é vida (o ar, o céu, o rio, a floresta, a montanha); as que se enganam a si mesmas no faro do que não importa nada, mesmo nada, a ganância, a exuberância, os holofotes, a não modéstia; as que desprezam o olhar comiserado, a mão necessitada, o abraço carente, o beijo saudoso, a voz embargada, o sentimento a caminho da tranquilidade e da paz.
Incomodam-me as pessoas feias: as que não percebem que para além do florescer da Primavera e do sereno abandonar do Outono, também a ardência do Verão e a frigidez do Inverno assaltam a alma - e , nesses momentos, comuns a todo o humano, carecem da solidão a que desertaram todos os que não serviam; as que não sentem no ciclo das estações saudades do que virá e o comum de uma geada no peito de todos nós a cobrir-se do sorriso de um amanhecer soalheiro que nos relembra quem somos: apenas humanos.
(Conceição Sousa)
Incomodam-me as pessoas feias: as que não percebem que para além do florescer da Primavera e do sereno abandonar do Outono, também a ardência do Verão e a frigidez do Inverno assaltam a alma - e , nesses momentos, comuns a todo o humano, carecem da solidão a que desertaram todos os que não serviam; as que não sentem no ciclo das estações saudades do que virá e o comum de uma geada no peito de todos nós a cobrir-se do sorriso de um amanhecer soalheiro que nos relembra quem somos: apenas humanos.
(Conceição Sousa)
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