Demasiadas vezes sinto que estou prestes a desistir -
e demasiadas vezes regresso, no dia seguinte, mais forte
do que alguma vez imaginei.
Sempre convencida de que não há lugar
mais impossivelmente só e apagado
do que o meu coração,
sempre desgastado p'ra lá da borracha,
sempre condenado àquele sorriso ébrio,
àquele baixar de pálpebras esquivo,
àquele som do vento nas palavras que é a tua respiração
na palma do que é a minha:
como pode um vazio saber que é visto?
É vital para um vazio saber que existe, não?
Pode um vazio ser inspirado?
Demasiadas vezes sinto que estou prestes a desistir-
e demasiadas vezes a luz do amanhecer apaga a dureza da noite,
essa que a carrega ao colo no caminho da folha amarrotada
e desbotada, mas que sussurra ao meu ouvido:
nunca é a solo. E insiste, décadas: nunca é a solo.
E é essa ainda a esperança: nunca é a solo. Escuto-te.
E quando a folha não quiser ser preenchida?
Como se mede a inconsciência de um vazio?
Estás aí?
(Conceição Sousa)
e demasiadas vezes regresso, no dia seguinte, mais forte
do que alguma vez imaginei.
Sempre convencida de que não há lugar
mais impossivelmente só e apagado
do que o meu coração,
sempre desgastado p'ra lá da borracha,
sempre condenado àquele sorriso ébrio,
àquele baixar de pálpebras esquivo,
àquele som do vento nas palavras que é a tua respiração
na palma do que é a minha:
como pode um vazio saber que é visto?
É vital para um vazio saber que existe, não?
Pode um vazio ser inspirado?
Demasiadas vezes sinto que estou prestes a desistir-
e demasiadas vezes a luz do amanhecer apaga a dureza da noite,
essa que a carrega ao colo no caminho da folha amarrotada
e desbotada, mas que sussurra ao meu ouvido:
nunca é a solo. E insiste, décadas: nunca é a solo.
E é essa ainda a esperança: nunca é a solo. Escuto-te.
E quando a folha não quiser ser preenchida?
Como se mede a inconsciência de um vazio?
Estás aí?
(Conceição Sousa)
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