É triste que não possas estar entre nós, nesta mesa, a sorrir, a falar, a cantar, a berrar, a chorar.
É triste que não possas piscar o olho à mãe, enquanto ela perdoa à colher-de-pau o cansaço que lhe põe no braço ao mover os mexidos;
É triste que não lhe possas apalpar o leito condensado no vapor das rabanadas açucaradas com canela e vinho do Porto;
É triste que o teu prato não se afunde no verter do azeite de outrora, habituado ao salpicar da pimenta e das palavras com odor a alho que dizias pela boca fora - e sempre o vinagre te castigava a língua de cada vez que o tinto a soltava num abraço de conversa com sabor a demora;
É triste aquele lugar vazio na mesa, quando o coração dele se ocupa tanto - e saber, com toda a certeza, que amar-nos nunca te foi demais e que fizeste disso a tua vida em força de pranto.
É triste esta impotência... queria-te aqui, envolto no nosso calor, e não nesse frio, nessa solidão que te acolheu, o reverso da moeda p'ra quem nos deu e dá tanto amor.
(Conceição Sousa)
É triste que não possas piscar o olho à mãe, enquanto ela perdoa à colher-de-pau o cansaço que lhe põe no braço ao mover os mexidos;
É triste que não lhe possas apalpar o leito condensado no vapor das rabanadas açucaradas com canela e vinho do Porto;
É triste que o teu prato não se afunde no verter do azeite de outrora, habituado ao salpicar da pimenta e das palavras com odor a alho que dizias pela boca fora - e sempre o vinagre te castigava a língua de cada vez que o tinto a soltava num abraço de conversa com sabor a demora;
É triste aquele lugar vazio na mesa, quando o coração dele se ocupa tanto - e saber, com toda a certeza, que amar-nos nunca te foi demais e que fizeste disso a tua vida em força de pranto.
É triste esta impotência... queria-te aqui, envolto no nosso calor, e não nesse frio, nessa solidão que te acolheu, o reverso da moeda p'ra quem nos deu e dá tanto amor.
(Conceição Sousa)
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