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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Desculpa, meu amor, mas não percebi
Que eras tu, sempre tu: o meu amor,
Batimento cardíaco.
Ainda hoje, ao fim de tanto tempo,
Ao fim de tantos anos,
Encosto o ouvido no teu peito,
Naquela paragem de autocarro,
Naquele sítio tão longínquo,
E ainda te digo, debaixo de uma chuva miudinha
E de um dia cinzento,
Que te quero amar para sempre.
Ainda hoje, encosto o ouvido e ouço a loucura em que nos meti:
Pum-pum, pum-pum,pum-pum-pum-pum-pum-pum-pum-pum…
E no meu rosto sinto a força desse músculo teimoso e descontrolado,
A cavalgar na direcção do agora, do aqui.
Estamos onde tínhamos de estar.
Tu não disseste nada, mas o teu coração confessou-se de imediato: sim.
Desculpa, meu amor, mas não percebi que eras tu, sempre tu:
A lágrima que se esconde e me guarda,
O meu amor,
Batimento cardíaco.
Houve um altar, sim;
Houve uma promessa, sim;
Há um amar,
Um só amar,
E uma bênção num roçar de antebraços,
Uma ternura em nos ficarmos, assim enlaçados:
Aliança.
Agora, sim;
Agora, compreendo:
Somos, juntos, o que construímos
Mais as quedas,
Mais o que continuamos, juntos a construir:
Aliança.
Encosta o teu ouvido aqui no meu peito.

(Conceição Sousa)

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