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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

cavaleiro da Dinamarca

Nós tivemos esta conversa bem lá atrás, lembras-te?
Ao dar o nó, dissemos um ao outro que uma vivência a 10, 20, 30, 40, 50, 60 anos ( ou o que seja) seria abalroada por vazios, ausência de sabores e cheiros, instantes anestesiados de nós, mais do mesmo sempre, silêncios distantes, lembras-te?
Dissemos que, naturalmente, algumas manobras de diversão nos distraíriam: ilusões - ou o que lhe queiras chamar -, lembras-te?
Pois bem, desta vez foi a minha vez, mas voltei.
Assim como tu já voltaste algumas vezes, lembras-te?
Penso que o importante é sabermos, nesses raros momentos em que nos soltamos um do outro, que nos estamos a perder um ao outro;
penso que o importante é o outro ficar alerta - sempre alerta ( é o que tem acontecido, não?) - e manter-se firme na decisão de não desistir, de não deixar de amar, de até saber que é nesse instante - o da perda iminente - que a paixão regressa com a força de um vulcão em erupção;
penso que o importante é o amor: a certeza desta ternura que nos abre os braços na hora de regressar a casa.
És tu o meu doce lar.
Viaja, conhece, meu cavaleiro,
mas volta lá da Dinamarca para me continuares a amar.

 (Conceição Sousa)

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