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sábado, 15 de dezembro de 2012

mimosas

Todas as vezes que me perdi
foi com a inocência dos olhos de uma criança.
Fico sempre muito triste
quando percebo que aquele trilho desconhecido
e, aparentemente, belo que resolvi percorrer
vai afunilando, e afunilando, e afunilando...
até que, por fim, me obriga a regressar
aos estalos dos paus no solo côncavo e íngreme de um outro trilho,
mais familiar, onde descanso sempre
e mato a minha sede de colo da infância
na água que bebo pela profundidade da rocha.
O queixo e o peito agradecem a humidade gelada,
mas terna e calorosa, do odor a mimosas
que um dia nos recebeu numa viagem de carro sorridente
e inundou o lar num abraço amarelo gigantesco.
Por vezes, o amor transborda em excessos insuportáveis no instante,
mas que se mantêm na retina, na narina e no tacto para todo o sempre.
E este trilho, tão familiar, o do bebedouro,
o do trepidar das folhas secas e dos galhos,
o do tropeçar na poeira oca de ausência alternada de 10 cm de chão,
o do estio que ofusca a visão, o do perfume intragável das mimosas,
embala-me naquele sítio onde voltamos sempre: o doce lar.

(Conceição Sousa)


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