Compreendo que,
por um motivo de cobardia maior (salvo seja),
não consigas me dizer que, afinal,
sou eu quem habita a fundição da tua cabeça.
Mas se insistes em me mostrar essa porta fechada,
como posso eu adivinhar a que te mora dentro?
Deixa que a veja , ao menos,
espreitar por trás da cortina,
aquela em tom de pérola amachucada,
ali naquela janela próxima da chaminé:
será que é por lá que eu vou entrar?
É que tenho a cara surrada, sabes?
Chamuscada, de tanto me queimar.
E só p'ra te ver sorrir, vá...
Só um sinalzinho pequeninho de fumo.
É que tenho frio, sabes?
(Conceição Sousa) *
Sem comentários:
Enviar um comentário