"Há toda uma panóplia de infinitésimas opções que se estendem perante ti. Dói escolher? Claro que sim. Faz parte. Dói mais ficar apático, inerte, não optar por optar. Opta, as vezes que te apetecer. Deixa doer as entranhas, as vezes que tiver de doer. Só assim te sentirás vivo, de verdade: a viver. Mexe, salta, pula, corre, abranda, acelera, faz o pino, a espargata, mas nunca, nunca pares para morrer. Nunca te deixes definhar dentro de um quarto, dentro de ti mesmo. Ousa amar-te como a Deus, como ao criador, como a quem te concedeu a bênção de viver. Exige uma vida plena, uma vida recheada, uma vida de loucura todos os dias da tua vida. Dói? É um facto: dói. Mas dói de qualquer maneira. Se nada fizeres, dói muito mais: a dor do constrangimento, da cobardia, da inacção, da morte em vida. Exige-te o que é teu por direito: o alcance da felicidade, todos os dias da tua vida.
Dizes-me: é fácil falar, não basta querer. Consinto. Mas se nada quiseres, se nada fizeres, continuarás nesse marasmo de sempre, nessa escuridão aí dentro, nessa solidão, nessa autoflagelação. Mais grave do que isso: chegarás ao fim do teu ciclo de vida com a plena certeza de que poderias ter feito muito mais e, se morreste em vida, foi única e exclusivamente culpa tua. Não te dão outra hipótese de nascer; mas dão-te, diariamente, inúmeras hipóteses de renascer: viver conforme te convier e aprouver. Aquela acção não resulta em felicidade? Paciência, pelo menos tentaste. Há mil outras atitudes que podes experimentar. Sabes que por ali não é. Resolvido o assunto, sem perdas de tempo. Aquela pessoa foi desagradável: ignorou-te, desprezou-te, tratou-te mal? Paciência. Há mil outras pessoas diferentes a aguardar uma realidade nova. Quem sabe não serás tu essa realidade? Sabes que aquela outra pessoa, a que te rejeitou, não te valoriza, logo não serve para ti. Assunto arrumado. Coração aberto para os biliões de outros seres humanos existentes no mundo. Se no teu país não encontras quem procuras ou o que procuras, viaja atrás do algo que te preenche: a superfície terrestre é enorme. Quem sabe a tua felicidade não estará na outra ponta do planeta. Também podes aproveitar situações como esta, de encontros internacionais. Quando o mundo descer à tua cidade, sai do quarto e vai recebê-lo, vai conhecê-lo."
(Conceição Sousa in "Tala, enquanto cura e nasce. Porque o milagre é acreditar." - romance.)
Dizes-me: é fácil falar, não basta querer. Consinto. Mas se nada quiseres, se nada fizeres, continuarás nesse marasmo de sempre, nessa escuridão aí dentro, nessa solidão, nessa autoflagelação. Mais grave do que isso: chegarás ao fim do teu ciclo de vida com a plena certeza de que poderias ter feito muito mais e, se morreste em vida, foi única e exclusivamente culpa tua. Não te dão outra hipótese de nascer; mas dão-te, diariamente, inúmeras hipóteses de renascer: viver conforme te convier e aprouver. Aquela acção não resulta em felicidade? Paciência, pelo menos tentaste. Há mil outras atitudes que podes experimentar. Sabes que por ali não é. Resolvido o assunto, sem perdas de tempo. Aquela pessoa foi desagradável: ignorou-te, desprezou-te, tratou-te mal? Paciência. Há mil outras pessoas diferentes a aguardar uma realidade nova. Quem sabe não serás tu essa realidade? Sabes que aquela outra pessoa, a que te rejeitou, não te valoriza, logo não serve para ti. Assunto arrumado. Coração aberto para os biliões de outros seres humanos existentes no mundo. Se no teu país não encontras quem procuras ou o que procuras, viaja atrás do algo que te preenche: a superfície terrestre é enorme. Quem sabe a tua felicidade não estará na outra ponta do planeta. Também podes aproveitar situações como esta, de encontros internacionais. Quando o mundo descer à tua cidade, sai do quarto e vai recebê-lo, vai conhecê-lo."
(Conceição Sousa in "Tala, enquanto cura e nasce. Porque o milagre é acreditar." - romance.)
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