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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Multibanco

Dirigia-se ao multibanco, precisava de levantar algum dinheiro para as compras do dia. A filha já havia entrado na loja, há uma semana que falava em comprar aquela brincadeira a um euro. "Sou muito mázinha", pensou, "Já a podia ter trazido mais cedo." Uma senhora de meia-idade, os seus 65 anos, aguardava com a cara prostrada naquela mensagem a laranja no visor do multibanco: "Movimento não autorizado. O montante máximo da sua conta foi ultrapassado." A voz feminina entoou: " Retire o seu cartão". "A pensar nos surdos, só pode", palavras que escreveu na sua cabeça, e encolheu os ombros. A alma ficou uns segundos a contemplar o rosto de quem estava imediatamente ao alcance, os olhos pediam muito, mas a boca não. A senhora, meia perdida, entrou na loja. " Vá, dá-me lá o meu dinheiro, caramba!", discutiu mentalmente com a estúpida da máquina. Correu na direcção do padeiro: "Não me destroca esta nota de 10 em duas de 5, por favor?", sempre a vigiar o caminho que a dona daquelas mãos calejadas percorria, estava em frente aos ovos.
- Ó filha, vamos jogar ao esconde. Vai por ali, a ver se te encontro.
Dirigiu-se rapidamente à senhora, tinha uns 30 segundos no máximo.
- Desculpe, não me leve a mal o que vou fazer, mas penso que isto lhe fará jeito.
E colocou-lhe a nota na mão.
-Oh!, muito obrigada! - a senhora não queria largar a mão. - Posso dar-lhe um abraço?
"Vendi os meus 5 euros por um Abraço.", pensou.
-Ó mamã, eu vi e ouvi. És mesmo uma boa pessoa.

(Conceição Sousa)

 Livros de Conceição Sousa, reservas pelo email mcmgsousa@gmail.com

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