E é assim que eles se amam –
mais do que todos os outros? Não. Diferente de todos os outros.
Porque é assim que a vida ( e o que é a vida?) lhes fala ao ouvido.
Porque é assim que o sussurro (o sopro) bombeia o sangue.
Porque é assim que o líquido sobeja (por) todos os poros do corpo.
Porque é assim que a essência segura o ar na berma do precipício.
Porque é assim que a alma só beija, sobeja, se excede –
sempre sem chão, e no chão.
E é assim que eles só vivem,
pés nus,
corpos sem mundo: ar –
simplesmente ar…
a chorar-(se?),
a sorrir- (se?),
a beijar- (se?),
a abraçar- (se?),
a continuar- (se?),
no espaço sublime e indecifrável em que ficaram (pensam…):
o pungente vazio a esvaziar,
o entediante de sempre a esmorecer,
a fenda do despenhar- (se?) a suster.
Encontraram-se
e suicidaram-se, na cara da morte, do morrer.
És a minha vida, neste instante que não quer passar.
Quanto ao resto?
É mesmo isso: resto.
E disso nem quero saber.
(Conceição Sousa)
mais do que todos os outros? Não. Diferente de todos os outros.
Porque é assim que a vida ( e o que é a vida?) lhes fala ao ouvido.
Porque é assim que o sussurro (o sopro) bombeia o sangue.
Porque é assim que o líquido sobeja (por) todos os poros do corpo.
Porque é assim que a essência segura o ar na berma do precipício.
Porque é assim que a alma só beija, sobeja, se excede –
sempre sem chão, e no chão.
E é assim que eles só vivem,
pés nus,
corpos sem mundo: ar –
simplesmente ar…
a chorar-(se?),
a sorrir- (se?),
a beijar- (se?),
a abraçar- (se?),
a continuar- (se?),
no espaço sublime e indecifrável em que ficaram (pensam…):
o pungente vazio a esvaziar,
o entediante de sempre a esmorecer,
a fenda do despenhar- (se?) a suster.
Encontraram-se
e suicidaram-se, na cara da morte, do morrer.
És a minha vida, neste instante que não quer passar.
Quanto ao resto?
É mesmo isso: resto.
E disso nem quero saber.
(Conceição Sousa)
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