Ai!, ai!, não!, não!, não faças isso, querida! Olha que eles fazem-te a cama! Olha que eles fazem-na bem esticadinha p'ra te deitarem nela!
- Olha a minha sorte! Então que a façam! Mais dia menos dia, não vamos todos ser deitados numa cama?
- Cala-te, muito caladinha. Tudo quer ver-te levar a bandeira, a tocha olímpica, mas na hora H não penses que te dão alguma medalha! E quem se lixa és tu!
- Oh!, Céus! Mas se vim ao mundo para não poder ser quem sou, p'ra que raios vim eu ao mundo? P'ra fazer de conta? P'ra fingir?
- Vive a vidinha normalmente, como todos os outros a vivem: assim, normalmente.
- Mas assim é que eu estou a viver a vida normalmente, droga! P'ra viver como todos dizem que a devo viver, tenho de me sedar. Não, muito obrigada! Também...não te incomodes! Mais ano, menos ano, e esta vida (normal ou anormal) acabou-se. Por isso, até que chegue a hora, Exmos Senhores e Exmas Senhoras o espectáculo vai continuar: nada de baixar o pano! E...palmas, muitas! Palmadas? Também pode ser, muitas!
- Oh!, valham-me os demónios! Desisto, é mesmo doida!
- Desperta, se faz favor!
(Conceição Sousa)
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