E ainda é aquela criança,
aquela,
a de olhos gigantes, muito abertos,
recostada no parapeito da montra do autocarro,
ou boquiaberta no vidro enregelado da sala de aula,
ou até estática na luminosidade do seu quarto de lua,
ou a que encostou a bicicleta (na qual nunca se senta)
só para levar à boca aquela água a sair directamente do
"abre-te Sésamo!".
É ainda aquela criança que
É ainda aquela criança que
- vá-se lá saber porquê ( e se calhar até todo o ser humano é assim) -,
consome a maior parte do seu tempo de olhos bem esbugalhados
a viver o mundo de lá,
o que se desenrola -
história após história,
personagem após personagem,
cenário após cenário,
época após época,
diálogo após diálogo,
silêncio após silêncio -
no olhar em busca de horizonte,
o que desperta sempre violentamente com alguém,
lá longe,
a ecoar o seu nome :
"Oh!, já acabou!..."
(Conceição Sousa)
*
(Conceição Sousa)
*
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