- Impressionante como o Céu
existe mesmo, mano!
- E porque não haveria de existir, Ju?
- Não é isso. Há quem diga que não existe, mas é só olhar de
baixo para cima. Olha ele, lá. E, aqui, se apontares, ele aproxima-se, e
toca-te mesmo. Ora experimenta. Aponta o dedo para o Céu e fixa aí o olhar. Não
tens a sensação de que o estás a tocar? Maravilhoso! É tão quentinho. E é tão
simples. É só olhares de baixo para cima.
- Claro! – respondeu o Mago – No vosso mundo poucos o tocam
porque têm a mania de olhar de cima para baixo, sempre de cima para baixo. E é
tão óbvio. Se insistires em olhar de cima para baixo, a única coisa que vês,
que consegues tocar, e que te toca, é o chão. Se tens o Céu por detrás da
cabeça, e não a levantas para olhar para lá, como é que queres que o Céu
exista?
- Certo, Agosto. – anuiu o rapaz – Quem se acha superior,
olha sempre de cima para baixo; quem se sente diminuído, olha sempre de cima
para baixo. Há mais de meio mundo que não se lembra, não quer, ou não sabe
olhar de baixo para cima. E é tão simples: ser humilde e saber levantar a
cabeça. Olha o Céu, lá. Tão lindo! Existe mesmo.
(Conceição Sousa in " Em Busca da Flor de Mil Cores", conto infanto-juvenil)