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sábado, 3 de novembro de 2012

És um "ai!" que me deu,
a caminho do Céu,
um calor que do(eu),
me chamou e se fez breu.
És a dor que nunca passa,
fogo a morrer no peito - oh!, desgraça!
És a lágrima que me encandeia,
faísca na pedra da minha aldeia.
És o nó que me agarra ao fundo do poço,
voz que consente e cala - e eu ouço
o milagre no dilúvio de mim,
essência no lado de fora a olhar-me: o sim.
És a fagulha no tempo,
o golpe que mata e congela, o sofrimento.
És o "oh!" do(eu) em cada esquina,
trajecto meu, embate, a nossa sina.
És um oceano profundo que jorra daqui,
leva-me o mundo e faz-me daí,
o "ai!" que sei nunca me soar,
e o "oh!" que se entranhou no meu estar.
És a loucura que ainda está por vir,
esbarrou em mim - não sem antes fugir;
e, na renúncia do que se é,
sangrou o sim no Deus do até.
Sou amar-te p'ra sempre num instante,
e oro: "- Que seja o teu sentir o meu amante!"
Embora digas que não, ele não mente.

 (Conceição Sousa)

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