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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Estima-a, à tua bonequinha de porcelana. Ah!, cuidado! Olha que, se ela se quebra, lá se vai o teu seguro de vida! Não podes dar um passo (nem um passinho assim pequeninho) fora da rédea curta, senão já sabes: ela quebra-se, e lá se vai o teu barraco banhado a ouro à vida. À vida? Sim. À vida, porque na morgue já tu estás. É dourada, vá lá. Podes sorrir ao teu cadáver, bonequinha. Ah!, não te quebres, senão lá terá que ir o homem para a chama do crematório. Pelo menos, seria quentinho lá. P'ra ele, claro. Ainda assim, nem sei porque continuais a vir aqui: não há bonecas ( muito menos de porcelana - e ainda menos ainda: douradas); não há seguros de vida, não há seguros de nada, especialmente para os inseguros de nada. Aqui só se seguram (talvez! - e não damos garantias...) os inseguros de tudo: os vivos. Ide lá, ide. Estais muito bem um para o outro. Deixai aqui a enciumada em paz. Sorridentes? Vitoriosos? Bem, parece que se cumpriu a minha missão: fazer com que vos sintais muito lá no alto, muito bem. E o fel aqui fica. Sorrio também: renovada.

P.S. A inteligência amedronta, mas não morde: só às vezes, e em sítios muito especiais. Desculpa, querida; não resisti atentá-lo. É mais forte do que eu. Querias, não querias?

(Conceição Sousa)

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