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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Eu era ninguém,
continuo a ser ninguém,
mas é quem mais é ninguém que,
no entanto, é toda a gente.

Ó poderosos!
Caíde em vós,
pois também sois ninguém,
e deverias ser toda a gente.

Ó poderosos!
Olhai-nos,
ao que é de nós, ao humano,
e abraçai-vos.
Não nos ignoreis,
não nos tomeis por invisíveis,
não vos alheeis do sopro
(haveis também de conhecer o último).

Ó poderosos!
Dai um poderoso pontapé no sistema
(deitai essas amarras de nada ao lixo),
ao que deixou de servir,
ao que nem tampouco merece reciclar.

 Queimai-o, ao imundo do dinheiro,
nos fornos do apocalipse;
e retomai-nos, ao mundo,
ao humano,
às gentes de bem,
ao sorriso franco do comum.

Ó poderosos!
Descei ao céu de um beijo lento,
ao divino de um arrepio quente,
ao olimpo de um abraço que se sente:
humano.

Eu era ninguém,
continuo a ser ninguém,
e é quem mais é ninguém que,
no entanto, é toda a gente.
E é tão bom o amor de toda a gente –
bem melhor do que o ódio de ninguém.

Ó poderosos!
Deixai que vos ame toda a gente,
e que desdenhe
o odiar-vos ninguém.

 Vinde ao beijo lento,
ao arrepio quente,
e ao abraço olímpico –
o ouro que , verdadeiramente, se sente
(porque , afinal, no final, somos todos ninguém –
sem deixar de ser toda a gente).
Por amor.
Puro amor.

(Conceição Sousa)

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